domingo, 23 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Jogo de bola (5ª e 6ª séries)
A bela bola
Rola:
A bela bola do Raul.
Bola amarela,
A da Arabela.
A do Raul,
Azul.
Rola a amarela
E pula a azul.
A bola é mole,
É mole e rola.
A bola pula.
É bela e pula.
É bela, rola e pula,
É mole, amarela, azul.
A de Raul é de Arabela,
E a de Arabela é de Raul.
(Cecília Meireles)
Para saberem sobre Cecília Meireles, cliquem aqui.
Olá, queridos alunos das 5ª e 6ª séries! Gostaram do vídeo? E do poema? Vamos trabalhar com esse material em aula, ok? Bj da Profa. Liliane Leonardo!
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Camelôs bem tutelados
Há cerca de duas décadas, a proliferação de vendedores ambulantes no centro de Pelotas levou à necessidade de um local onde eles tivessem bancas fixas, ou seja, deixassem de ser "ambulantes" (a palavra sugere caminhada, deslocamento).
Desde antes da construção, o lugar ficou com o apelido pejorativo de "camelódromo", depois suavizado para "shopping popular". Na cultura hispânica, conhecem-se como mercados persas, pelo costume árabe de vender em feiras. No Brasil, o mercador de miudezas ficou como camelot, de igual significado no francês.
O elemento grego dromo significa "corrida ou corredor" (substantivos). Daí saíram: autódromo e aeródromo, o neologismo brasileiro sambódromo, o termo médico dromomania (correr compulsivo) e o dromedário (camelo corredor). O elemento perdeu o conteúdo de deslocamento quando inventamos os fumódromos (espaços para fumar, sem movimento). Outra ideia brasileira, os camelódromos, acrescentaram uma ambiguidade: podem ser um corredor para camelos ou para camelôs. Ambos teriam um pé no Médio Oriente.
No aspecto legal, ninguém se importou com os camelôs serem comerciantes informais, que não pagam impostos normalmente, como o fazem os empresários estabelecidos. O povo denomina os produtos baratos como "piratas" (falsificados ou "fora-da-lei"), denunciando o lado negativo da atividade.
O primeiro camelódromo pelotense ia ser vertical (numa espécie de edifício, com vários pisos sem acabamento), mas a construção não deu certo. A opção foi um quarteirão baldio, vizinho à antiga Praça dos Enforcados, onde há um século passava um braço do Arroio Santa Bárbara (ainda se vê a ponte da Marechal Floriano com Santos Dumont).
Do outro lado da Floriano, situa-se a Receita Federal, onde as leis se cumprem com rigor, na área comercial e financeira. A impressão, no entanto, é que a União patrocina o comércio marginal. Em nosso país, fingimos cumprir a legalidade, mas legalizamos a improvisação e toleramos a corrupção. É o nosso Brasil dividido em dois.
Hoje, nosso respeitado camelódromo é visitado por pobres e ricos que buscam um produto barato e descartável, enquanto dezenas de outros ambulantes já se instalaram nas calçadas. Pelos corredores de nosso "mercado popular", quem fica fixo são os ex-ambulantes e quem corre são os compradores.
Francisco Antônio Soto Vidal, 49, é psicólogo formado no Chile, mestre em Saúde e Comportamento (UCPel, 2010), editor do blogue Pelotas, Capital Cultural (aqui) e etimologista autodidata. É colaborador do Alquimia com a seção Palavras sobre Palavras. Com este texto, acabou por colaborar também com Histórias de Pelotas.
A equipe da Santa Mônica agradece a Francisco e deseja a todos uma excelente semana!
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Palavras inglesas "safadas" II, por Rubens Amador
"Continuando com palavras na aparência semelhantes às portuguesas, o terror dos tradutores de inglês, aqui vamos desfilar mais algumas.
Remmitent é intermitente, e não remetente (sender). Ore é minério, não ouro, que é gold. Marmalade significa qualquer doce: Peach marmalade, pessegada (guava marmalade); goiabada, marmelada mesmo, é quince marmalade. To demand é exigir, não demandar, que é to sue. Saloon é botequim, e nunca salão, que é hall, Pension é pensão, no sentido de renda paga pelo Estado. Casa de pensão é boarding house. Exit sempre é saída, e não êxito (success). Obsequies não são obséquios, mas sim exéquias, funeral. Obséquios é favors. Pelo que já vimos até aqui, nunca vá pela primeira impressão; mantenha-se de sobreaviso.
Cuide: to invest é aplicar capital, e não investir (to attack). To pretend em português é fingir, simular, e nunca pretender (to intend). Wagon é carroça. Vagão ferroviário é railway car. Mosquito é o pernilongo. Mosquito, aquele do zunido, é fly. Fin é barbatana. Já fim se traduz end. Rue significa arruda, e não rua (street). Bond é uma ação, um título comercial, e não bonde, que é street car; real traduz-se por verdadeiro, genuíno, legítimo, e não real,(royal); really quer dizer efetivamente, em verdade, deveras, e não realmente (royally); photography é arte fotográfica, e não fotografia (picture). Preciosity poder-se-ia traduzir por preciosismo, maneirismo, afetação, nunca como preciosidade (preciousness).
Anotem bem: coroner significa magistrado, encarregado de investigar casos de mortes suspeitas. Coronel, o militar, é colonel. Já "coronel", entendido como aquele que dá dinheiro para garotas, diz-se sugar daddy. Vest traduz-se por colete; veste é garment. Journal é revista especializada, e não jornal (newspaper). Policy não é polícia (police), mas sim apólice. Lent não significa lente (lens), mas quaresma. Pinto é um cavalo malhado. Pinto é chick. To mar é deitar a perder, corromper, estragar. Mar é sea.
Novamente cuidado: bus boy é auxiliar de garçom, nada a ver com rapaz do ônibus. A exemplo de bus boy, outras palavras que não se podem traduzir literalmente: house opera é filme de far west. Horse sense, nada a ver com cavalos, equivale a bom senso, em vernáculo. Soap opera equivale a rádio novela. Ladies killer, sem matar ninguém, equivale a conquistador, "galã". Dressed to kill não é vestido para matar, e sim vestido com esmero, na "estica". School of fish é cardume. French letter é apenas "camisinha". Dutch party "cada um paga o seu". Castor oil é óleo de rícino. Ghost writer, escritor que escreve para outros. Grass widow é mulher separada, divorciada. Chese cake pode ser traduzida ao pé-da-letra, mas também quer dizer foto de garota com pouca roupa. Skeleton in the cupboard não é esqueleto no armário, mas segredo de família que se quer esconder.
E para finalizar, existem vocábulos que, por terem sido erroneamente interpretados em português, há tanto tempo, parecem corretos. São os casos de speaker, que não é locutor (radio announcer). Smoking não é paletó a rigor (tuxedo). E to like quer dizer gostar. Já to dislike não é desgostar, mas sim ter aversão, antipatia por alguém.
Esperando poder ser útil aos que se dedicam ao estudo do inglês, lembro-lhes que convém nunca esquecer o velho aforismo: traduttori, traditori."
quarta-feira, 12 de maio de 2010
O sentido literal e o "tosk-english", por Carlos fongaro
Passemos, então, a palavra ao professor.
.........................................................
Abaixo, listo expressões do dia-a-dia de falantes que tentam, a duras penas, comunicar-se “de maneira tosca” (tosk-english). Imaginem o efeito de humor decorrente da “comunicação” entre um falante de português e um de inglês em situações nas quais essas expressões são empregadas!!!
"Em rio que tem piranha jacaré nada de costas"
In river that has piranha aligator swims backstroke
Uma versão mais estúpida seria:
In river that has piranha aligator swims of backs
Para se lamentar, alguns dizem "A vaca foi pro brejo":
The cow went to the swamp (Dê-se crédito a Millôr Fernandes, essa é dele)
"Ele é um pé de cana"
He is a sugar cane plant
"O rei da cocada preta"
The king of the black coconut sweet
"Escreveu não leu , pau comeu"
Wrote didn't read , wood ate
"Você é meu docinho de coco"
You are my littlel coconut sweet
"Ele é um baita de um mala"
He's a whore of a bag (suitcase)
"Aquela mina é um pé no saco"
That mine is a foot in the bag
"Tu tá em cana!"
You are in sugar cane!
Há também as conhecidas versões brasileiras (Herbert Richers) das expressões “idiomáticas” estrangeiras:
"It's a piece of cake" (É fácil demais...!)
É um pedaço de bolo
"It's hard cheese" (O oposto da anterior)
É queijo duro
"Hit the road!" (Sugere: “Vá embora”, de forma bem ríspida)
Bata a estrada
"Cool" (Significa “legal, maneiro, bom”)
Frio
Fiz uma observação língua na bochecha
"You are pulling my leg" ( Sugere “Você está me enrolando , quer me fazer de bobo”)
Você está puxando a minha perna
"The old man kicked the bucket" (Sugere “O velho morreu”)
O velho chutou o cesto (Observem que “chutar o balde”, em português, é bem diferente disso!)
James é um lençol molhado
Bem, essas expressões podem não ser as mais adequadas mas, ao menos, são divertidas!
..................
E então, pessoal? Gostaram da brincadeira? É assim que vamos aprendendo...! Bj e um excelente dia, profª Rosângela Vargas!
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Descrição da Guerra de Guernica
I
Entra pela janela
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios
que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore,
a chama do candeeiro.
II
As outras duas luzes
são lisas, ofuscantes;
lembram a cal, o zinco branco
nas pedreiras;
ou nos umbrais
de cantaria aparelhada; bruscamente;
a arder; há o mesmo
branco na lâmpada do tecto;
o mesmo zinco
nas máquinas que voam
fabricando o incêndio; e assim,
por toda a parte,
a mesma cal mecânica
vibra os seus cutelos.
III
Ao alto; à esquerda;
onde aparece
a linha da garganta,
a curva distendida como
o gráfico dum grito;
o som é impossível; impede-o pelo menos
o animal fumegante;
com o peso das patas, com os longos
músculos negros, sem esquecer
o sal silencioso
no outro coração:
por cima dele, inútil; a mão desta
mulher de joelhos
entre as pernas do touro.
IV
Em baixo, contra o chão
de tijolo queimado,
os fragmentos duma estátua;
ou o construtor da casa
já sem fio de prumo,
barro, sestas pobres? quem
tentou salvar o dia,
o seu resíduo
de gente e poucos bens? opor
à química da guerra,
aos reagentes dissolvendo
a construção, as traves,
este gládio,
esta palavra arcaica?
V
Mesa, madeira posta
próximo dos homens pelo corte
da plaina,
a lixa ríspida,
a cera sobre o betume, os nós,
e dedos tacteando
as últimas rugosidades;
morosamente; com o amor
do carpinteiro ao objecto
que nasceu
para viver na casa;
no sítio destinado há muito;
como se fosse, quase,
uma criança da família.
VI
O pássaro; a sua anatomia
rápida; forma cheia de pressa
que se condensa
apenas o bastante
para ser visível no céu,
sem o ferir;
modelo doutros voos: nuvens;
e vento leve, folhas,
agora, atónito, abre as asas
no deserto da mesa;
tenta gritar às falsas aves
que a morte é diferente:
cruzar o céu com a suavidade
dum rumor e sumir-se.
VII
Cavalo, reprodutor
de luz nos prados, quando
respira, os brônquios;
dois frémitos de soro; exalam
essa névoa
que o primeiro sol transforma
numa crina trémula
sobre pastos e éguas; mas aqui
marcou-o o ferro
dos lavradores que o anjo ignora;
e endureceu-o de tal modo
que se entrega;
como as bestas bíblicas;
ao tétano, ao furor.
VIII
Outra mulher: o susto
a entrar no pesadelo;
oprime-a o ar, e cada passo
é apenas peso: seios
donde os mamilos pendem,
gotas duras
de leite e medo; quase pedras;
memória tropeçando
em árvores, parentes,
num descampado vagaroso;
e amor também:
espécie de peso que produz
por dentro da mulher
os mesmos passos densos.
IX
Casas desidratadas
no alto forno; e olhando-as,
momentos antes de ruírem,
o anjo desolado
pensa: entre detritos
sem nenhum cerne ou água,
como anunciar
outra vez o milagre das salas;
dos quartos; crescendo cisco
a cisco, filho a filho?
as máquinas estranhas,
os motores com sede, nem sequer
beberam o espírito das minhas casas;
evaporaram-no apenas.
X
O incêndio desce;
do canto superior direito;
sobre os sótãos,
os degraus das escadas
a oscilar,
hélices, vibrações, percutem os alicerces;
e o fogo, veloz agora, fende-os, desmorona
toda a arquitectura,
as paredes áridas desabam
mas o seu desenho
sobrevive no ar; sustém-no
a terceira mulher; a última; com os braços
erguidos, com o suor da estrela
tatuada na testa.
(de Eugénio de Andrade)
(Carlos de Oliveira. In Entre Duas Memórias, 197: aqui)
Guernica (ENEM/2002)
Entra pela janela
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore
a chama do candeeiro.
(...)
Carlos de Oliveira. In ANDRADE, Eugénio. Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa. Porto: Campo das Letras, 1999.
Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifiquem as cenas referidas nos trechos do poema.
Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:
(A) a1, a2, a3
(B) f1, e1, d1
(C) e1, d1, c1
(D) c1, c2, c3
(E) e1, e2, e3
sábado, 8 de maio de 2010
Feliz Dia das Mães!!!!
Vejo o bebê que dorme aninhado no seio de sua mãe,
A mãe que dorme e o bebê _
Em silêncio eu os estudo por muito e
Muito tempo."
Versos extraídos de: Whitman, Walt. Folhas de Relva. São Paulo: Martin Claret, 2006.
“Dê a seu filho raízes. Mais tarde, asas.” Provérbio judaico.
Extraído de Frases Ilustradas, por Ceó Pontual (aqui)
A todas as mães desejamos um Feliz Dia das Mães! Às filhas e aos filhos, desejamos "asas"!!! Equipe Santa Mônica. Bj especial às mães!
sexta-feira, 7 de maio de 2010
"Tautologia" não é nome de remédio, não!!!! Rsrs!
É... Não é nome de remédio...! Rsrsr! No post seguinte trataremos do oposto da tautologia e pleonasmo, ou seja, a concisão. Aguardem! Bj e um excelente dia!
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Portuinglês?!, por Carlos Fongaro
“Um norte-americano, morando há pouquíssimo tempo no Brasil, e falando ‘o português’ faz a sua lista de compras e vai ao supermercado para tentar abastecer a sua despensa e geladeira. Tendo feito a lista, a seu modo, e com o carrinho à frente, vai lembrando-se do que precisa:
PAY SHE
MAC CAR ON
MY ONE EASY
PAUL ME TOO
ALL FACE
CAR NEED BOY ( MAIL KILO )
AS PAR GOES
KEY JOE ( PARM ZOOM)
COW VIEW FLOOR
PIER MEN TOM
BETTER HAB
LEE MOON
ALL ME ROOM
BEER IN GEL
THREE GO
PAY TO THE PIER YOU
Ao final, ainda dá um tapa na testa, dizendo:
IS KEY SEE O TOO MUCH...
PUT A KEEP ARE YOU!”
Tome-se o e-mail como base para se observar que, nele, o efeito de humor reside na não-coincidência do significado das palavras e dos sons produzidos ao se lerem as expressões em voz alta. Trata-se, com efeito, de uma brincadeira que pode nos ajudar a entender um pouco do funcionamento sobre a "assimilação" de uma língua estrangeira pelo aprendiz e sobre a maneira como este "transfere" seus conhecimentos linguísticos para a língua materna. Ou ainda, refletirmos, num rumo contrário, acerca da forma como se “transferem” as expressões e estruturas linguísticas da língua materna para uma língua estrangeira que se está aprendendo.
Todos os falantes, independente da nação a que pertencem, podem aprender a falar qualquer idioma sem, com isso, necessariamente absorver, por completo, a “bagagem” cultural própria desses idiomas. Em outros termos: podem aprender uma língua, um pouco da cultura do país onde se fala essa língua, mas manter a identidade cultural e linguística, com suas peculiaridades, do seu país de origem. Interferências há, porém, não a ponto de provocar um total “apagamento” da identidade cultural e linguística do falante. Haverá sempre vestígios de uma “língua-outra”.
No Brasil, nada é mais comum do que a proliferação de textos como o apresentado acima. Na verdade, o conteúdo do e-mail demonstra que podemos estar desejosos de aprender a língua, porém, não necessariamente interessados na sua adequada compreensão... Às vezes, queremos apenas poder “brincar” com ela e, se possível, satirizar os falantes nativos. Por óbvio, isso demandaria um debate bastante aprofundado e polêmico...!
Podemos, como afirmei, “brincar” com a língua, com os limites da sua literalidade... É como dizer, em francês, “chose de lóqui” ou “Dieu me garde!”, hehe!
Como professor de inglês, uma brincadeira que gosto de fazer com meus alunos é esta: com uma palavra apenas, feita a partir da montagem de sílabas de outras palavras, peço que leiam esta obra do Dr. Frankenstein em voz alta:
Ghoti
E digo-lhes: “Sinto muito, vocês erraram! A pronúncia deveria ser a de Fish!”
Explico:
Gh eu extraí da palavra Enough.
O extraí de women.
Já o Ti retirei de Attention.
Gostaram da brincadeira? Em outro post, listarei expressões utilizadas no dia a dia, com as quais muitas pessoas tentam, a duras penas, comunicar-se. Selecionarei estruturas linguísticas do que se convencionou denominar “Tosk English”. Até breve!!!!
Por Carlos Zisco Fongaro, prof. de inglês em São Paulo.
domingo, 2 de maio de 2010
Where do children play?, by Cat Stevens
Agradecemos à Lena Almeida a indicação do vídeo!
Um excelente final de semana!Bj!!!!
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Palavras inglesas "safadas" I, por Rubens Amador
Pessoal, é importante vocês saberem diferençar os sentidos das expressões acima para não incorrerem em erros de seu emprego ou de tradução. Estudem, queridos! Bj, profa. Rosângela Vargas!
terça-feira, 27 de abril de 2010
Por que contar história"s"? (Ensino Médio)
Vimos, em post anterior _ Histórias são camaleões _ que, se uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos dependendo do conjunto de valores, crenças, ideologias de quem e em que circunstâncias (contexto) o emprega, o mesmo pode ocorrer com as histórias _ versões? _ que narramos, ouvimos ou lemos.
No vídeo acima, Chimananda Adichie, em seu discurso no TED, alerta-nos para "o perigo de uma história única. [...]". E acrescenta:
"Então, é assim que se cria uma única história: mostre um povo como uma coisa, como somente uma coisa, repetidamente, e será o que eles se tornarão. [...]
A única história cria estereótipos. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem um história tornar-se a única história. [...]
A consequência de uma única história é essa: ela rouba das pessoas sua dignidade. Faz o reconhecimento de nossa humanidade compartilhada difícil. Enfatiza como nós somos diferentes ao invés de como somos semelhantes. [...]"
Mas finaliza num tom otimista:
"Histórias tem sido usadas para expropriar e tornar maligno. Mas histórias podem também ser usadas para capacitar e humanizar. Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias também podem reparar essa dignidade perdida. [...]"
"O TED é uma conferência anual que reúne os mais importantes pensadores do mundo que são desafiados a fazerem a melhor apresentação de suas vidas em 18 minutos. No TED.com eles disponibilizam, de graça, as melhores apresentações e performances sobre vários temas, que vão de tecnologia e entretenimento a design, negócios, ciência e cultura.
Personalidades como o político Al Gore, a escritora Isabel Allende e o pop star Bono Vox já passaram por lá, mas graças a dica da professora Susan Blum, uma velha amiga da Leia Brasil, um nome em especial nos chamou a atenção. Estamos falando da participação da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. (Transcrito de Leia Brasil: aqui). Bj, Tê!
domingo, 25 de abril de 2010
Remontando aos anos hippies...!
Bem, desejamos a vocês um bom início de semana. De preferência, com um sorriso nos lábios! Bj, Tê!
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Ler deveria ser proibido! (Ensino Médio)
Hoje se comemora o Dia Internacional do Livro. O vídeo é baseado no texto de Guiomar de Grammon. Não se esqueçam: não leiam!!!! Rsrsr! Bj, Tê!
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Trailers e dogs
Nos Estados Unidos, essas casas chamam-se trailers (do verbo e substantivo trail, que significa “trilha”, ambas palavras com raiz no latim). Em inglês, um “trilhador” é um carro sem tração, puxado por outro. Estranho? O primeiro Trailer teria sido (provavelmente) o nome próprio de um veículo desse tipo, batizado como Caminhante ou Seguidor. Hoje, no país do Tio Sam, qualquer reboque com duas ou mais rodas – e até mesmo uma casa-móvel (de tração própria) – é um trailer.
Pela influência americana, um trêiler também é um curta-metragem que publicita filmes maiores. Na origem dos film trailers, houve uma incrível inversão de sentidos: os primeiros anúncios de cinema com antecipação de cenas eram mostrados no final dos filmes (acoplados à projeção), mas como o público se retirava após a palavra “Fim” (The End) – abolida por Hollywood após os anos 70 – eles passaram a ser postos no início das sessões (leia na Wikipedia). O nome ficou, e hoje os trailers são o 3º tipo de vídeo mais visto na internet.
Voltando aos trêileres de cachorro-quente, os microempresários ambulantes gozaram de popularidade e um dia foram levados pelos tempos, como qualquer reboque. Em Pelotas, ainda existem o Circulu’s, o Sanata, o Amarelinho, mas, para sobreviver, perderam a mobilidade: ficaram cimentados no espaço público, transformados em residência fixa de sanduíches. Tinham nomes como Cachorrão, Big Dog, Frango Dog, Mundo Cão, alusivos a cachorros que nunca eram vistos (nem comidos, espero).
Os embutidos de carne foram trazidos à América no século XIX por alemães. Seus complicados nomes não pegaram: Weisswurst (salsicha branca), Frankfurter Würstchen (salsichinha de Frankfurt), Wiener Würstchen (salsichinha de Viena) e mais uma centena de tipos. No Brasil dizemos “salsicha”, palavra tirada do italiano salsiccia, por sua vez do latim, significando exatamente o que parece: comida com sal, temperada (a referência foi ao sabor salgado desse alimento).
Onde entraram os cachorros? Atribui-se a um cartunista americano a expressão hot dog em referência a um pão com salsicha, mas os pesquisadores dizem que o povo já relacionava esse prato com a espécie canina (veja na Wikipedia). A alusão pode ter sido ao misterioso conteúdo (carne de cachorro) ou à forma da salsicha (alongada como um dachshund, em alemão cão-texugo) ou aos dois motivos. O caso é que o nome em inglês se difundiu pelo mundo. No Brasil traduzimos e abreviamos para “cachorro”.
Na América do Sul, os tais sanduíches precisavam de um nome à moda hispânica. Obviamente, esse nome iria confundir-se com a salsicha, seu recheio. No Chile, vienesa ou “salsicha vienense” é o embutido e o sanduíche feito com ele. Busquei em três etimologistas argentinos, mas não convencem sobre o porquê de “pancho” se referir ao mesmo hot dog. Especulam que seria uma mistura de pan (pão) e chorizo ou salchicha. No entanto, posso dar como certo que a criatividade popular adaptou o nome “Frankfurter” para o apelido de Francisco (Pancho), assim como nos Estados Unidos um dos apelidos da salsicha é frank.
Francisco Antônio Vidal, 49, é psicólogo formado no Chile, mestre em Saúde e Comportamento (UCPel, 2010), editor do blogue Pelotas, Capital Cultural (aqui) e etimologista autodidata. É colaborador do Alquimia com a seção Palavras sobre Palavras. Com este texto, acabou por colaborar também com Histórias de Pelotas. Desejo-lhes uma excelente semana!
domingo, 18 de abril de 2010
Os livros
No dia 23 deste mês comemora-se o Dia do Livro. Antecipando a data, deliciem-se com esse maravilhoso pps. Desejo-lhes um excelente domingo! Bj, Tê!
OBS: Para verem ampliado, cliquem no primeiro ícone na barra debaixo ("Menu") do pps e depois cliquem em "View fullscreen". Para retornar ao estado normal de apresentação, apertem a tecla "F11".
sábado, 17 de abril de 2010
Histórias são camaleões... (Ensino Médio)
Vimos, nos dois posts imediatamente posteriores a este, que uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos dependendo do conjunto de valores, crenças, ideologias de quem e em que circunstâncias (contexto) o emprega. Igualmente, podemos afirmar em relação à narrativa de um fato. O texto abaixo, recebido via e-mail bem o demonstra.
"Visão dos fatos
Um homem passeia tranquilamente por um parque em Nova Yorque quando, de repente, vê um cachorro raivoso atacar uma aterrorizada menininha de sete anos. Os curiosos olham de longe mas, mortos de medo, não fazem nada.
O homem não titubeia e se lança sobre o cachorro, toma-lhe a garganta e o mata. Um policial que viu o ocorrido aproxima-se, maravilhado, e diz-lhe:
— Senhor, Vossa Senhoria é um herói. Amanhã todos poderão ler na primeira página dos jornais: "Um valente nova-iorquino salva a vida de uma menininha".
O homem responde:
— Obrigado, mas eu não sou de Nova Iorque.
— Bem — diz o policial — Então, dirão: "Um valente norte-americano salva a vida de uma menininha".
— Mas é que eu não sou norte-americano — insiste o homem.
— Bem, isso é o de menos ... E de onde o sr. é?
— Sou árabe — responde o homem.
No dia seguinte a imprensa norte-americana publica: 'Terrorista árabe massacra de maneira selvagem um cachorro norte-americano, de raça pura, em plena luz do dia, em frente de uma menininha de sete anos, que chorava aterrorizada.' "
A história narrada trata de personagens estadunidenses e árabes, mas poderia ocorrer evidentemente com outras de nacionalidades diferentes dessas. Ela nos remete às considerações iniciais do post: se uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos dependendo do conjunto de valores, crenças, ideologias de quem e em que circunstâncias (contexto) o emprega, o mesmo pode ocorrer com as histórias _ versões? _ que narramos, ouvimos ou lemos.
Bj, Tê!
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Questão de nomes, por Carlos Heitor Cony (Ensino Médio)
(Sugiro a leitura imediatamente anterior a este post)
Por Carlos Heitor Cony
Não, não se trata de nomes para a sucessão presidencial, é assunto que considero chato e, honestamente, não me preocupa. Falo de nomes, nomes de verdade, que a gente engole como necessários e que sempre são relativos, dependentes de circunstâncias além da semântica.
Dou exemplos: num balé famoso, coreografado por Leonid Massine, com música de Offenbach, há um personagem ridículo que é mencionado como “o brasileiro”. Quando o balé veio ao Brasil, o personagem virou, sem mais nem menos, “o peruano”. Agora, esse peruano comparece num palco americano como “o iraquiano”. Coisas.
Experiência pessoal minha. Certa vez, em Copenhague, fui a um restaurante especializado em comida afrodisíaca. Pratos complicados que levantam defunto, tanto que, ao lado, havia um cabaré para receber a sobra do apetite dos clientes.
Bem, escolhi uma coisa simples, mas que o maître me garantiu como eficaz: codornas “à Mme. Pompadour”. Por sinal, muito gostoso, molho levemente picante, avermelhado e rude, que combinava estupendamente com um vinho pastoso e quase sem perfume. Por causa do molho à Mme. Pompador ou porque sou mesmo depravado, fui dar uma espiada no tal cabaré e lá passei o resto da noite.
Anos depois, vergado ao peso de muitos pecados, fui fazer um retiro espiritual numa casa especializada em Verona, à margem do lago. Piedosos dominicanos davam a logística, incluindo as três refeições principais. Logo na primeira noite fui surpreendido por um prato de codornas com um molho avermelhado e rude. Por Júpiter! Já conhecia aquilo!
Chamei o frade-dispenseiro e perguntei pelo nome daquele molho. O frade gostou da pergunta, era especialidade do convento. E revirando os olhos, como Dorival Caymmi, informou-me que era o famoso, o inigualável molho 'à Santa Terezinha do Menino Jesus'."
Será a situação acima apresentada relativa a apenas uma "questão de nomes"...?
Para conhecerem quem foi Mme. Pompadour, devido à sua importância na referida crônica, cliquem aqui.
Palavras são camaleões... (Ensino Médio)
"Palavras: camaleões de sentidos
Por Teresinha Brandão
O vídeo acima já foi acessado no Youtube 10191327 vezes! Produção final apresentada em poucos minutos ao telespectador, seu criador resgatou anos e anos de arte com rostos femininos. Liiiindo!
Inspirei-me nesse vídeo e numa crônica, transcrita no post seguinte, de Carlos Heitor Cony, colunista do jornal Folha de São Paulo, para sustentar a tese de que as palavras são verdadeiros cameleões... Camaleões de sentidos.
Como se sabe, o camaleão, da família de lagartos, é conhecido por sua habilidade em trocar de cor conforme o ambiente, por sua língua rápida e alongada, e por seus olhos, que podem ser movidos independentemente um do outro.
Processo idêntico ocorre na língua: uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos dependendo do conjunto de valores, crenças, ideologias de quem e em que circunstância (contexto) o emprega.
Desse modo, mesmo sem admitir todo e qualquer sentido, as palavras, assim como ocorre com os camaleões, podem mudar de sentido conforme o "ambiente" em que foram produzidas. Dito de outra forma: as palavras podem mudar de sentido de acordo com as posições _ ideológicas _ de quem as emprega. Se nos reportarmos ao texto do post seguinte, de Carlos Cony, publicado na Folha, essa afirmação pode ser observada."
Bj! Boa noite! Tê
Publicado originalmente em Tear de sentidos (aqui).
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Trabalho e lazer, por William Zibetti (Ensino Médio)
Por William Zibetti, aluno do 2º ano Médio.
Interessantes questionamentos, não? Grata, William! Para quem não sabe este texto foi baseado em uma proposta anterior publicada no Alquimia (aqui). Bj, Tê!
terça-feira, 6 de abril de 2010
Logos da crise econômica
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Admirável mundo novo, por Lucas Pacheco (Ensino Médio)
Por Lucas Langie Pacheco, aluno do 2º Médio.
Bonita reflexão, não? Grata, Lucas! Para quem não sabe este texto foi baseado em uma proposta anterior publicada no Alquimia (aqui). Amanhã postaremos outro texto de um aluno do 2º ano. Bj e um excelente dia! Tê!
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Uma Feliz Páscoa em apenas um "clic"!
Desejamos que Cristo ressuscite em nós e na humanidade inocente, frágil e sofrida, um pouco da Sua Luz. E mais: que Ele reanime as nossas melhores capacidades de solidariedade a fim de nos tornarmos instrumentos para a construção de uma vida mais justa e humanitária, com objetivos de reconciliação, harmonia e Paz!
Feliz Páscoa! Clique aqui e tenha uma agradável surpresa! Um bom feriado e até segunda-feira!
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Pedro Nariz, por Francisco Dias da Costa Vidal
O homem era de pouca conversa e de mais agir. Daí que, prestativo, ajudava no puxar das redes. Mas tinha também iniciativas próprias.
Numa delas, capturou, não sabemos como, um albatroz que, entre perdido e talvez até doente, deu com os costados pela praia – coisa rara e, para nós, única na década.
Estamos nos referindo à maior das espécies, a de três metros de envergadura – um aviãozinho, no sentido transversal; a cabeça com quase 2 palmos; o bico: um alicate dos grandes! Envergadura de 1,82 m. Tudo somente comparável ao condor dos Andes!
Pois o Pedro Nariz nos apareceu carregando a ave num carrinho de mão, que era exposta perante os espectadores e logo instada a desenvolver sua tendência primordial: a de voar, supondo poder ganhar a liberdade. Só que, ao julgar-se livre, pouco durava a alegria da ave, que era logo trazida a terra por uma corda presa à pata...
Daí que ele – o suposto proprietário – cobrava pela exibição. Só que pouco durou também a alegria do explorador do negócio: a ave amanheceu morta, o que Pedro atribuiu à inveja dos menos amigos...
Tempos depois, Pedro Nariz encontrou, na praia, enorme e belo garrafão que dera à costa – outra raridade que sua sorte, pelo visto, atraía!
Mas, percebendo que o frasco continha um líquido, tratou de ler uns dizeres que o frasco exibia em etiqueta... empenho inútil.
A linguagem, que era esquisita, levou-o então a investigar o conteúdo com o próprio nariz. Abrindo o frasco, sentiu um forte e desconhecido odor, decidindo-se o “sortudo” a esvaziar o vidro na areia, ficando apenas com o casco e os dizeres.
Não tardou em surgir um entendido, que concluiu tratar-se de um concentrado de perfume francês – um extrato – produto de algum naufrágio ou descuido no transbordo de carga!...
Pedro Nariz tinha derramado na praia uma verdadeira fortuna, que, se não ambicionasse possuir nada mais que o vidro, lhe teria garantido uma regular quantia em dinheiro... que perdeu, por sua ignorância e imediatismo!"
Do livro Vamos ao Hermenegildo?, de Francisco Dias da Costa Vidal.
Imagem: Desenho com a personagem Pedro Nariz
A personagem Pedro Nariz foi comentada pelo prof. Homero, de Santa Vitória, num site onde ele também publica suas próprias crônicas. Para quem desejar conhecer mais sobre Pedro Nariz, clique aqui.
Vamos ao Hermenegildo?
"Em 1936, quando começaram aqueles veraneios, ele tinha seis ou sete anos. O médico da família havia indicado ar de praia e banhos de mar, para curar um início de tuberculose. Na época, não havia bons remédios e se acreditava que o iodo do mar ajudasse.
Na época evocada pelo livro, o acesso por terra era pela beira da praia, em coletivo, desde o Cassino até a Barra do Chuí, trajeto que se fazia em umas quatro ou cinco horas, dependendo do clima e do estado das areias. Quando o mar avançava, o movimento devia suspender-se por uns dias, sob risco de ficar preso entre as dunas e a água do mar.
Dez anos depois, o menino já era um adolescente saudável, que nunca parecia ter estado ante o perigo dessa doença. Ante esse fato e o agravamento da Segunda Guerra, a família suspendeu os veraneios em fevereiro de 1945, nunca mais retornando à praia. Ficaram as lembranças daquele tempo, recolhidas nas evocações ao longo das décadas seguintes. Finalmente, elas passaram ao papel, configurando crônicas de memórias.
O livro foi lançado em Pelotas em dezembro de 2008 pela Editora da UFPel, sendo logo lançado na Casa do Livro do Hermenegildo, com apoio e presença das autoridades municipais de Santa Vitória do Palmar. Em fevereiro de 2009, o autor participou da Feira do Livro no Cassino.
A professora Anita Carrasco escreve a apresentação da obra, com seu conhecimento vivencial da praia do Hermenegildo, apoiado pelos seus estudos de especialização em História e Geografia do Rio Grande do Sul."
Como é costume, na seção Biblioteca, indicamos livros adquiridos pela escola. Se forem de escritores pelotenses, melhor ainda! Eu li Vamos ao Hermenegildo? quase de "uma vez só" e adorei!!! Memórias de infância como essas devem ser lembradas! Sugiro a leitura!
Quem desejar adquirir o livro pode comprá-lo nas livrarias Mundial, Vanguarda, da UFPEL, ou Educat, ou da FURG, em Rio Grande. Há um exemplar na biblioteca da escola.
Obrigada, Francisco Antônio, por enviar o texto acima. Grata, Sr. Francisco! No post seguinte, postaremos uma crônica do livro. Desejo a vocês, alunos, uma excelente leitura! Bj, Tê!
domingo, 28 de março de 2010
O luxo no lixo ou o lixo no luxo? (alunos do Ensino Médio)
Poema de augusto de Campos
Queridos alunos da 8ª Fundamental e do Ensino Médio
Carta do cacique Seattle, em 1885 (alunos do Ensino Médio)
Cada parte desta terra é sagrada para meu povo. Cada arbusto brilhante do pinheiro, cada porção de praia, cada bruma na floresta escura, cada campina, cada inseto que zune. Todos são sagrados na memória e na experiência do meu povo.
Conhecemos a seiva que circula nas árvores, como conhecemos o sangue que circula em nossas veias. Somos parte da terra, e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O urso, o gamo e a grande águia são nossos irmãos. O topo das montanhas, o húmus das campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, pertencem todos à mesma família.
A água brilhante que se move nos rios e riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se lhes vendermos nossa terra, vocês deverão lembrar-se de que ela é sagrada. Cada reflexo espectral nas claras águas dos lagos fala de eventos e memórias na vida do meu povo. O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai.
Os rios são nossos irmãos. Eles saciam a nossa sede, conduzem nossas canoas e alimentam nossos filhos. Assim, é preciso dedicar aos rios a mesma bondade que se dedicaria a um irmão.
Se lhes vendermos nossa terra, lembrem-se de que o ar é precioso para nós, o ar partilha seu espírito com toda a vida que ampara. O vento, que deu ao nosso avô seu primeiro alento, também recebe seu último suspiro. O vento também dá às nossas crianças o espírito da vida. Assim, se lhes vendermos nossa terra, vocês deverão mantê-la à parte e sagrada, como um lugar onde o homem possa ir apreciar o vento, adocicado pelas flores da campina.
Ensinarão vocês às suas crianças o que ensinamos às nossas? Que a terra é nossa mãe?
O que sabemos é isto: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Todas as coisas estão ligadas, assim como o sangue nos une a todos. O homem não teceu a rede da vida, é apenas um dos fios dela. O que quer que ele faça à rede, fará a si mesmo.
Uma coisa sabemos: nosso deus é também o seu deus. A terra é preciosa para ele e magoá-la é acumular contrariedades sobre o seu criador.
O destino de vocês é um mistério para nós. O que acontecerá quando os búfalos forem todos sacrificados? Os cavalos selvagens, todos domados? O que acontecerá quando os cantos secretos da floresta forem ocupados pelo odor de muitos homens e a vista dos montes floridos for bloqueada pelos fios que falam? Onde estarão as matas? Sumiram! Onde estará a águia? Desapareceu! E o que será dizer adeus ao pônei arisco e à caça? Será o fim da vida e o início da sobrevivência.
Quando o último pele-vermelha desaparecer, junto com sua vastidão selvagem, e a sua memória for apenas a sombra de uma nuvem se movendo sobre a planície… estas praias e estas florestas ainda estarão aí? Alguma coisa do espírito do meu povo ainda restará?
Amamos esta terra como o recém-nascido ama as batidas do coração da mãe. Assim, se lhes vendermos nossa terra, amem-na como a temos amado. Cuidem dela como temos cuidado. Gravem em suas mentes a memória da terra tal como estiver quando a receberem. Preservem a terra para todas as crianças e amem-na, como Deus nos ama a todos.
Assim como somos parte da terra, vocês também são parte da terra. Esta terra é preciosa para nós, também é preciosa para vocês. Uma coisa sabemos: existe apenas um Deus. Nenhum homem, vermelho ou branco, pode viver à parte. Afinal, somos irmãos.”
Texto extraído do livro O Poder do Mito, de J Joseph Campbell. Bj, Profª Inti Fontoura e Tê!