"Competência textual: o que é?
Por Teresinha Brandão
Ao usarmos a língua costumamos desenvolver a capacidade – ainda que de modo diferenciado uns dos outros – de distinguir um texto de um aglomerado incoerente de sons, palavras e imagens (um “não-texto”), dependendo da nossa competência textual. Esta pode ser entendida como a capacidade de parafrasear um texto, resumi-lo, atribuir-lhe sentidos ou dar-lhe um título, entre outras habilidades.
Além disso, somos capazes de produzir um texto a partir de outros textos, compreendermos a finalidade destes e distinguirmos os vários gêneros textuais. Aliás, já comentamos anteriormente sobre competência metagenérica (aqui), lembram-se? Certamente, por ocasiões, podemos nos debater com dificuldades para identificar a “intenção” do autor uma vez que este pode querer não demonstrar suas intenções ou dissimulá-las, mas, em outras, até mesmo a finalidade do texto somos capazes de identificar.
E mais: em virtude de ter produzido em circunstâncias específicas, as quais podem não coincidir com as circunstâncias de leitura do interlocutor (leitor), um texto poderá desencadear um processo de diferentes leituras. Isso pode ser explicado pelo fato de a linguagem não ser um transparente “instrumento de comunicação”; pode ser também de não-comunicação...
Exemplo claro dessa não-transparência da linguagem pode ser constatado quando o autor lança mão de ironias, ambiguidades, sentidos indiretos, ou de um estilo obscuro.
Um outro aspecto merece destaque: o texto não é um produto acabado, fechado sobre si mesmo. Ao contrário, nele circulam sentidos indiretos, elementos não só explícitos, mas também implícitos, ambiguidades, enfim, aspectos que exigem do leitor a compreensão desses elementos. Cabe a este, ao próprio texto e ao contexto fazer circularem esses sentidos, certo?"
Texto publicado originalmente em Tear de Sentidos (aqui).
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