"O processo de argumentação
Por Teresinha Brandão
A argumentação é própria da linguagem, podendo se fazer presente no nosso dia-a-dia, incluindo desde uma conversa informal até um sermão em forma de oratória, por exemplo. Há, portanto, uma variedade de gêneros do discurso que dela se utilizam e de modo bastante explícito: cartas de leitores em jornais e/ou revistas; comentários em sites e/ou blogues; manifestos; debates; conferências; etc. Esses gêneros assim se caracterizam: o locutor defende uma tese, selecionando argumentos consistentes, levando em conta os processos do raciocínio lógico bem como o perfil do interlocutor (que pode ser uma pessoa ou um conjunto delas), direcionando suas opiniões para uma conclusão em conformidade com a tese defendida, e oferecendo ao interlocutor boas razões para aderir a ela.
No texto de Cristovam buarque (aqui), uma conferência seguida de um debate, a pergunta feita pelo jovem norte-americano _ “O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro” _ já expressa um posicionamento a respeito da internacionalização da Amazônia. Como a argumentação pressupõe o confronto de posições, podemos sintetizá-la da seguinte forma:
Não é “X” MAS é "Y"
Tese a ser contestada MAS Tese a ser defendida
No texto de Cristovam buarque (aqui), uma conferência seguida de um debate, a pergunta feita pelo jovem norte-americano _ “O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro” _ já expressa um posicionamento a respeito da internacionalização da Amazônia. Como a argumentação pressupõe o confronto de posições, podemos sintetizá-la da seguinte forma:
Não é “X” MAS é "Y"
Tese a ser contestada MAS Tese a ser defendida
Posição 1 MAS Posição 2
Em outros termos: “não quero a resposta de um brasileiro (posição 1), mas a de um humanista (posição 2). Ao “dividir” sua pergunta em dois blocos_ “brasileiro” e “humanista” _, o interlocutor já direciona sua pergunta tentando descartar a possibilidade de Cristovam posicionar-se a contra a internacionalização da floresta. Porém, não é isso que acontece...
Aparentemente, Cristovam concorda com seu debatedor ao afirmar “De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia”. No entanto, preocupa-se mais em explicar o que entende por “humanista”, concepção diferente da sustentada pelo jovem, do que em responder diretamente à pergunta. Para tanto, estrutura sua resposta ancorando-se na tese de que pode “Como humanista [...] imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade". Ao declará-la, lança mão do argumento de reciprocidade. Nesse tipo de argumento, parte-se do pressuposto de que “A” = “B”, portanto, o que vale para “A” é válido igualmente para “B”.
Assim:
Se a Amazônia deve ser internacionalizada, devem-se internacionalizar: as reservas mundiais de petróleo; o capital financeiro dos países ricos; os postos de emprego; os grandes museus do mundo; o patrimônio cultural do mundo; as fronteiras internacionais; as cidades; os arsenais bélicos nucleares; a dívida dos países mais pobres; as crianças pobres.
Ora, ao servir-se desse tipo de argumento, Cristovam acaba por “desfazer” a divisão entre humanista/brasileiro proposta pelo jovem. Ainda, o conector "se", ao invés de sugerir ou propor algo, acaba por impor, já que as condições apresentadas por C. Buarque não são, logicamente, passíveis de serem concretizadas no contexto atual.
Em relação aos gêneros argumentativos, podemos assim os definir: são aqueles em que o locutor defende uma tese, fundamentando-a com argumentos consistentes, selecionados por meio do raciocínio lógico, direcionando suas opiniões para uma conclusão em conformidade com essa tese, e oferecendo ao interlocutor _ explícito ou não _ boas razões para aderir a ela."
Em outros termos: “não quero a resposta de um brasileiro (posição 1), mas a de um humanista (posição 2). Ao “dividir” sua pergunta em dois blocos_ “brasileiro” e “humanista” _, o interlocutor já direciona sua pergunta tentando descartar a possibilidade de Cristovam posicionar-se a contra a internacionalização da floresta. Porém, não é isso que acontece...
Aparentemente, Cristovam concorda com seu debatedor ao afirmar “De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia”. No entanto, preocupa-se mais em explicar o que entende por “humanista”, concepção diferente da sustentada pelo jovem, do que em responder diretamente à pergunta. Para tanto, estrutura sua resposta ancorando-se na tese de que pode “Como humanista [...] imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade". Ao declará-la, lança mão do argumento de reciprocidade. Nesse tipo de argumento, parte-se do pressuposto de que “A” = “B”, portanto, o que vale para “A” é válido igualmente para “B”.
Assim:
Se a Amazônia deve ser internacionalizada, devem-se internacionalizar: as reservas mundiais de petróleo; o capital financeiro dos países ricos; os postos de emprego; os grandes museus do mundo; o patrimônio cultural do mundo; as fronteiras internacionais; as cidades; os arsenais bélicos nucleares; a dívida dos países mais pobres; as crianças pobres.
Ora, ao servir-se desse tipo de argumento, Cristovam acaba por “desfazer” a divisão entre humanista/brasileiro proposta pelo jovem. Ainda, o conector "se", ao invés de sugerir ou propor algo, acaba por impor, já que as condições apresentadas por C. Buarque não são, logicamente, passíveis de serem concretizadas no contexto atual.
Em relação aos gêneros argumentativos, podemos assim os definir: são aqueles em que o locutor defende uma tese, fundamentando-a com argumentos consistentes, selecionados por meio do raciocínio lógico, direcionando suas opiniões para uma conclusão em conformidade com essa tese, e oferecendo ao interlocutor _ explícito ou não _ boas razões para aderir a ela."
Voltarei a comentar sobre argumentação na análise do texto A Amazônia em perigo, de Daiane Fuhrmann. By, by!!!! Bj, Tê!
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