Por Teresinha Brandão
"Alguns gêneros do discurso se ancoram no processo de argumentação para dele extrair sua "matéria-prima". A argumentação é um processo fundamentado no raciocínio lógico, na organização do pensamento, de forma a sustentar uma tese com argumentos claros, convincentes, sem apelar ao imediatismo e à emocionalidade. Ao falarmos em persuasão, entretanto, em lugar da racionalidade, da evidência, há o apelo à afetividade, à impulsividade, ao imediatismo. A persuasão assim vista é própria da maioria dos discursos publicitários, dos discursos políticos (não-sinceros, hehe!)
Tomemos um exemplo de texto em que a persuasão se sobrepõe à argumentação: uma peça publicitária da Duloren, que elaborou sua campanha de lançamento de lingeries, há alguns anos, movendo o leitor pela provocação, pelo desafio, conforme percebemos não só pelas fotos, como também pela estrutura utilizada “Você não imagina...”, a qual desperta uma curiosidade no leitor. Na revista, essa curiosidade é aguçada, enfatizada pois as duas fotos aparecem de tal modo que o leitor, para continuar a leitura, deve virar a página. Aqui não foi possível reproduzir dessa forma as imagens, o que já diminui o impacto da surpresa no final da peça publicitária.
Provocação, desafio, curiosidade, erotismo são, pois, palavras-chave nessa peça. Não é o raciocínio lógico que incita o leitor a virar a página e tentar compreender o texto, até porque, pela lógica, seria difícil acreditar que um membro da seita radical Ku Klux Klan, conhecida pelas suas idéias de racismo extremo, poderia render-se aos apelos de uma mulher – e negra! – e, ao invés de ser seu carrasco, tornar-se seu servo, o dominado.
Observem que o homem é loiro, porta em uma das mãos uma tocha acesa (iria agredi-la, queimando-a?), e não mostra seu rosto, ao contrário, utiliza-se de um capuz, como fazem os membros dessa seita. Mas uma Duloren, bem... é capaz até mesmo de vencer o mais radical dos inimigos! Eis a vencedora: vestida com roupa íntima da Duloren, ela aparece já segurando o capuz numa das mãos e, com a cabeça erguida, segura o então inimigo, agora completamente dominado, tanto que ele parece estar ajoelhado, numa posição bem mais "baixa" do que a da mulher.
Nossa, mas o que uma Duloren é capaz de fazer, não? Rsrs...!
Tomemos um exemplo de texto em que a persuasão se sobrepõe à argumentação: uma peça publicitária da Duloren, que elaborou sua campanha de lançamento de lingeries, há alguns anos, movendo o leitor pela provocação, pelo desafio, conforme percebemos não só pelas fotos, como também pela estrutura utilizada “Você não imagina...”, a qual desperta uma curiosidade no leitor. Na revista, essa curiosidade é aguçada, enfatizada pois as duas fotos aparecem de tal modo que o leitor, para continuar a leitura, deve virar a página. Aqui não foi possível reproduzir dessa forma as imagens, o que já diminui o impacto da surpresa no final da peça publicitária.
Provocação, desafio, curiosidade, erotismo são, pois, palavras-chave nessa peça. Não é o raciocínio lógico que incita o leitor a virar a página e tentar compreender o texto, até porque, pela lógica, seria difícil acreditar que um membro da seita radical Ku Klux Klan, conhecida pelas suas idéias de racismo extremo, poderia render-se aos apelos de uma mulher – e negra! – e, ao invés de ser seu carrasco, tornar-se seu servo, o dominado.
Observem que o homem é loiro, porta em uma das mãos uma tocha acesa (iria agredi-la, queimando-a?), e não mostra seu rosto, ao contrário, utiliza-se de um capuz, como fazem os membros dessa seita. Mas uma Duloren, bem... é capaz até mesmo de vencer o mais radical dos inimigos! Eis a vencedora: vestida com roupa íntima da Duloren, ela aparece já segurando o capuz numa das mãos e, com a cabeça erguida, segura o então inimigo, agora completamente dominado, tanto que ele parece estar ajoelhado, numa posição bem mais "baixa" do que a da mulher.
Nossa, mas o que uma Duloren é capaz de fazer, não? Rsrs...!
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A coerção também se diferencia da argumentação: enquanto a primeira visa impor uma tese, por meio de uma proibição, por exemplo, como em “Não fume!”, cuja tese é “fumar faz mal à saúde”, a segunda conduz, por meio de argumentos próprios do raciocínio lógico, o interlocutor a concluir que fumar faz mal à saúde ou, pelo menos, a refletir sobre os prejuízos do tabagismo. Podemos notar, no último caso, o caráter “liberal” da argumentação já que esta permite o confronto de idéias, promove a discussão.
Em síntese: argumentar não é simplesmente impor, mas fazê-lo, caso se queira a adesão do interlocutor, valendo-se de uma análise convincente, bem fundamentada, o que não ocorre em se tratando da coerção pois esta depende unicamente da vontade do locutor, manifesta por proibições, advertências, entre outros recursos.
Ainda, na argumentação, há uma ambivalência: ao mesmo tempo em que existe um efeito de "livre-arbítrio" _ o interlocutor pode reforçar uma tese, aderir a ela ou dela discordar _, observa-se a vontade de o locutor conduzir o interlocutor a aderir às ideias daquele. Argumentar, em tal caso, significa levar o interlocutor a aceitar o que está sendo dito.
Talvez esse caráter coercitivo, em parte presente na argumetação sob a forma de efeito de livre-arbítrio, seja decisivo para Charolles, um pesquisador da área de estudos de texto/discurso, ter afirmado que "o horizonte de toda argumentação é o silêncio...". Em outras palavras: convencer de tal forma que os argumentos possíveis contrários se tornem menos consistentes do que os do autor do texto." Bj, Tê!
Em síntese: argumentar não é simplesmente impor, mas fazê-lo, caso se queira a adesão do interlocutor, valendo-se de uma análise convincente, bem fundamentada, o que não ocorre em se tratando da coerção pois esta depende unicamente da vontade do locutor, manifesta por proibições, advertências, entre outros recursos.
Ainda, na argumentação, há uma ambivalência: ao mesmo tempo em que existe um efeito de "livre-arbítrio" _ o interlocutor pode reforçar uma tese, aderir a ela ou dela discordar _, observa-se a vontade de o locutor conduzir o interlocutor a aderir às ideias daquele. Argumentar, em tal caso, significa levar o interlocutor a aceitar o que está sendo dito.
Talvez esse caráter coercitivo, em parte presente na argumetação sob a forma de efeito de livre-arbítrio, seja decisivo para Charolles, um pesquisador da área de estudos de texto/discurso, ter afirmado que "o horizonte de toda argumentação é o silêncio...". Em outras palavras: convencer de tal forma que os argumentos possíveis contrários se tornem menos consistentes do que os do autor do texto." Bj, Tê!
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