BLOGUE DA ESCOLA SANTA MÔNICA _ PELOTAS/RS

"Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra.

E te pergunta, sem interesse pela resposta.


Pobre ou terrível, que lhes deves:

'Trouxeste a chave?' "

(Carlos Drummond de Andrade. Procura da poesia)

domingo, 28 de março de 2010

O luxo no lixo ou o lixo no luxo? (alunos do Ensino Médio)

Imagem: Projeto Bijari (aqui)
Baseado no clássico poema concreto de Augusto de Campos, o grupo artístico Bijari materializou a relação entre o luxo e o lixo, construindo a Palavra Luxo com fardos de Lixo Reciclado.

Poema de augusto de Campos

A sustentabilidade voltada para o cotidiano das grandes metrópoles. Essa é a proposta do Planeta no Parque que, em seu segundo ano, sugere novos olhares e relações entre o cidadão e a sua cidade em três temas: cidadania e coexistência, mobilidade, consumo, segundo os próprios integrantes do grupo. Para ler mais, cliquem aqui. Interessante o trabalho do Bijari, não?

Queridos alunos da 8ª Fundamental e do Ensino Médio

Bom dia! Os alunos da profª Laís Lima Costa, da 8ª, que desejarem publicar seus microcontos, entrem em contato com ela pois teremos o maior prazer em publicá-los! Mostrem seu trabalho! A profª Liliane Leonardo também está analisando contos nas aulas de Literatura. Quem desejar publicar algum, envie para o e-mail do blogue ou converse com ela, ok? Aliás, há um conto do Sr. Rubens Amador acerca da temática. Cliquem aqui.
Da mesma forma, os alunos do Ensino Médio, que produziram crônicas nas aulas da profª Rosângela Vargas, poderão fazer o mesmo. Temos certeza de que há lindos trabalhos a serem mostrados!
Quanto aos cartoons, à conhecida Carta de Seattle e à matéria sobre reciclagem de lixo (ver post imediatamente acima), bem como o vídeo sobre o ecossistema, a profª Inti Fontoura, da Biologia, e eu poderemos fazer uma atividade em conjunto uma vez que, durante nossa viagem a São Leopoldo com a escola, conversamos muito sobre a necessidade de, nesse momento de significativas mudanças planetárias, refletirmos, alunos e profs., sobre o assunto. Que tal? Aguardem a proposta, ok?
Bj e um excelente domingo! Professoras Laís, Rosângela, Inti e Tê!

Sobre a Mãe Natureza (alunos do Ensino Médio)

Carta do cacique Seattle, em 1885 (alunos do Ensino Médio)

Em 1854, o Presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, fez uma "grande oferta" aos índios por suas Terras. A resposta do chefe da tribo ficou conhecida no mundo inteiro e é um verdadeiro hino de amor à Mãe Natureza. Mesmo de grande circulação na internet, gostaria de vê-la postada aqui, pois, ao que parece, ainda estamos ignorando os ensinamentos dos índios, muito mais sábios do que nós.
“O Presidente, em Washington, informa que deseja comprar nossa terra. Mas como é possível comprar ou vender o céu, ou a terra? A ideia nos é estranha. Se não possuímos o frescor do ar e a vivacidade da água, como vocês poderão comprá-los?

Cada parte desta terra é sagrada para meu povo. Cada arbusto brilhante do pinheiro, cada porção de praia, cada bruma na floresta escura, cada campina, cada inseto que zune. Todos são sagrados na memória e na experiência do meu povo.

Conhecemos a seiva que circula nas árvores, como conhecemos o sangue que circula em nossas veias. Somos parte da terra, e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O urso, o gamo e a grande águia são nossos irmãos. O topo das montanhas, o húmus das campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, pertencem todos à mesma família.

A água brilhante que se move nos rios e riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se lhes vendermos nossa terra, vocês deverão lembrar-se de que ela é sagrada. Cada reflexo espectral nas claras águas dos lagos fala de eventos e memórias na vida do meu povo. O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai.

Os rios são nossos irmãos. Eles saciam a nossa sede, conduzem nossas canoas e alimentam nossos filhos. Assim, é preciso dedicar aos rios a mesma bondade que se dedicaria a um irmão.

Se lhes vendermos nossa terra, lembrem-se de que o ar é precioso para nós, o ar partilha seu espírito com toda a vida que ampara. O vento, que deu ao nosso avô seu primeiro alento, também recebe seu último suspiro. O vento também dá às nossas crianças o espírito da vida. Assim, se lhes vendermos nossa terra, vocês deverão mantê-la à parte e sagrada, como um lugar onde o homem possa ir apreciar o vento, adocicado pelas flores da campina.

Ensinarão vocês às suas crianças o que ensinamos às nossas? Que a terra é nossa mãe?

O que sabemos é isto: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Todas as coisas estão ligadas, assim como o sangue nos une a todos. O homem não teceu a rede da vida, é apenas um dos fios dela. O que quer que ele faça à rede, fará a si mesmo.

Uma coisa sabemos: nosso deus é também o seu deus. A terra é preciosa para ele e magoá-la é acumular contrariedades sobre o seu criador.

O destino de vocês é um mistério para nós. O que acontecerá quando os búfalos forem todos sacrificados? Os cavalos selvagens, todos domados? O que acontecerá quando os cantos secretos da floresta forem ocupados pelo odor de muitos homens e a vista dos montes floridos for bloqueada pelos fios que falam? Onde estarão as matas? Sumiram! Onde estará a águia? Desapareceu! E o que será dizer adeus ao pônei arisco e à caça? Será o fim da vida e o início da sobrevivência.

Quando o último pele-vermelha desaparecer, junto com sua vastidão selvagem, e a sua memória for apenas a sombra de uma nuvem se movendo sobre a planície… estas praias e estas florestas ainda estarão aí? Alguma coisa do espírito do meu povo ainda restará?

Amamos esta terra como o recém-nascido ama as batidas do coração da mãe. Assim, se lhes vendermos nossa terra, amem-na como a temos amado. Cuidem dela como temos cuidado. Gravem em suas mentes a memória da terra tal como estiver quando a receberem. Preservem a terra para todas as crianças e amem-na, como Deus nos ama a todos.

Assim como somos parte da terra, vocês também são parte da terra. Esta terra é preciosa para nós, também é preciosa para vocês. Uma coisa sabemos: existe apenas um Deus. Nenhum homem, vermelho ou branco, pode viver à parte. Afinal, somos irmãos.”

Texto extraído do livro O Poder do Mito, de J Joseph Campbell. Bj, Profª Inti Fontoura e Tê!

Cartoons sobre meio ambiente (alunos do Ensino Médio)

A leitura de imagens já não é mais novidade aos alunos de nossa escola. A profª Fernanda, de Artes, a profª Rosangêla Vargas, Teresinha Brandão, entre outras e outros profº já trabalham com esse tipo de leitura. Os cartoons abaixo, que circulam livremente pela internet, constituem um material rico para esse tipo de atividade. Esperamos que apreciem!





sábado, 27 de março de 2010

Hora do Planeta!


O mundo inteiro vai apagar as luzes e protestar contra o aquecimento global.

Participar da Hora do Planeta é uma atitude fundamental, principalmente pela conservação do meio ambiente.

Marcada para o dia 27 de março, das 20h30 às 21h30, a ação entrará em seu quarto ano de defesa por uma população mais responsável e consciente, alertando de maneira simbólica sobre as questões relacionadas ao atual quadra de alterações climáticas.

Em depoimento, o ministro do meio ambiente, Carlos Minc, afirmou que a iniciativa faz parte do Plano de Mudanças Climáticas do Ministério e será um grande alerta para as pessoas. “Um simples gesto de desligar pode acender uma luz de alerta para o planeta”, disse Minc.

Abraçada por grandes corporações, como o grupo Coca-Cola Brasil, o banco HSBC, a empresa de telefonia TIM e a rede Walmart Brasil de supermercados, a campanha que atingiu 113 cidades brasileiras no ano de 2009 irá abordar neste ano o tema “Ano Internacional da Biodiversidade” e terá foco na conscientização da população em relação à importância da conservação e recuperação das matas, florestas e recursos hídricos nacionais, até mesmo como forma de proteção e adaptação contra as mudanças climáticas.

Divulgue a Hora do Planeta 2010.

O mundo inteiro vai apagar as luzes e protestar contra o aquecimento global.

Participar da Hora do Planeta é uma atitude fundamental, principalmente para você, que já mostrou interesse pela conservação do meio ambiente.

Mas, até 27 de março, há muita coisa que você pode fazer para dar uma força ainda maior ao nosso movimento.

Divulgue a Hora do Planeta 2010.

Há várias maneiras:

• Acesse a página Divulgue a Hora do Planeta e baixe: wallpapers, banners, assinaturas de e-mail e outros materiais.

• Ajude o Brasil a ser um dos países com maior número de participantes na Hora do Planeta 2010: convide seus familiares a juntarem-se a 1 bilhão de pessoas.

• Entre na comunidade da Hora do Planeta 2010 no Orkut e Facebook e divulgue-a para seus amigos.

• Em todas essas ações, coloque sempre o link: www.horadoplaneta.org.br

Detroit/ 2009

Brasil apagará as luzes na Hora do Planeta
Só no estado de São Paulo, mais de 800 pessoas se cadastraram na campanha através do site indicado abaixo.
Pouco antes do lançamento no Brasil, a campanha mundial Hora do Planeta já recebeu o apoio do governo federal, de grandes empresas e da população.

Com o objetivo de ampliar o número de cidades envolvidas, a iniciativa busca sensibilizar e movimentar a sociedade em prol do combate ao aquecimento global.

Marcada para o dia 27 de março, das 20h30 às 21h30, a ação entrará em seu quarto ano de defesa por uma população mais responsável e consciente, alertando de maneira simbólica sobre as questões relacionadas ao atual quadra de alterações climáticas.

Em depoimento, o ministro do meio ambiente, Carlos Minc, afirmou que a iniciativa faz parte do Plano de Mudanças Climáticas do Ministério e será um grande alerta para as pessoas. “Um simples gesto de desligar pode acender uma luz de alerta para o planeta”, disse Minc.

Abraçada por grandes corporações, como o grupo Coca-Cola Brasil, o banco HSBC, a empresa de telefonia TIM e a rede Walmart Brasil de supermercados, a campanha que atingiu 113 cidades brasileiras no ano de 2009 irá abordar neste ano o tema “Ano Internacional da Biodiversidade” e terá foco na conscientização da população em relação à importância da conservação e recuperação das matas, florestas e recursos hídricos nacionais, até mesmo como forma de proteção e adaptação contra as mudanças climáticas.

“A Hora do Planeta é um movimento de todos nós."

Ela une cidades, empresas e indivíduos para demonstrar às lideranças mundiais – e, principalmente, para mostrar uns aos outros – que queremos uma solução contra o aquecimento global.

É uma oportunidade única para nós, brasileiros, de nos unirmos com a comunidade global em uma única voz para combater as mudanças climáticas”, acrescenta Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, movimento responsável pela organização da ação no Brasil.

Nacionalmente, a campanha pode ser acompanhada através do site e das suas redes sociais.

Cidadão, empresas, prefeituras e organizações brasileiras que quiserem desde já mostrar o seu apoio poderão efetuar o cadastro na página virtual, deixar seu comentário e obter mais detalhes sobre o movimento

Acesse aqui ou
aqui e saiba mais. Participe! Bj, Tê!

sexta-feira, 26 de março de 2010

(Re)Lendo provérbios, ditados e máximas (8ª série)

Por vezes, há uma "subversão" das máximas, dos provérbios e ditos populares mas nem por isso deve-se desconsiderar a relação lógica do conteúdo do microconto com esses gêneros textuais. Abaixo, seguem alguns modificados.

Antes à tarde do que nunca.
A União faz o açúcar.
O pior dos cegos é o que não quer Veja.
Quem dá aos pobres e empresta, adeus!
Quem é vivo sempre desaparece.
Água mole em pedra dura tanto bate até que perde a paciência.
Minha vida é um livro aberto, só que na página errada. (José Simão)
Elogia o bem, mas não esculhamba o mal. (Millôr Fernandes)
Amor com amor se pega.(Millôr Fernandes)
Ofício de bombeiro é fogo! (Millôr Fernandes)
Malando prevenido dorme de botina. (Stalislaw Ponte Preta)
Mais vale um filé em casa do que um boi no açougue.(Stalislaw Ponte Preta)

Bj, profª Laís Lima Costa!

Provérbios, ditados e máximas (8ª série)

Imagem: aqui
Observando a relação lógica, coerente, entre o conteúdo do microconto a ser produzido com os provérbios, os ditados populares e as máximas a seguir, foi proposto aos alunos que redigissem seu texto.
Quem ama o feio, bonito lhe parece.
Quem tem boca vai a Roma.
Olho por olho, dente por dente.
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
Em terra de cego quem tem um olho é rei.
Quem é vivo sempre aparece.
É melhor ensinar a pescar o que dar o peixe.
Um é pouco, dois é bom, três é demais.
Macaco velho não bota a mão em cumbuca.
Quando a cabeça não pensa, o corpo padece.
Quem semeia ventos colhe tempestades.
Diz-me com quem andas e te direi quem és.
Quem cala consente.
Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Cão que muito ladra não morde.
Nem tudo que reluz é ouro.
Quem tudo quer tudo perde.
Bj, Profª Laís Lima Costa!

Considerações sobre microcontos (8ª série)

Imagem: os menores livros do mundo (aqui)
Por Laís Lima Costa

Para trabalhar com micronarrativas nas 8ª séries do Fundamental, selecionei algumas colunas de Voltaire de Souza (cliquem nos números para obter informações sobre o autor e ler seus textos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8).

Iniciamos a atividade com a leitura e
discussão dessas colunas, que sempre apresentam no seu desfecho um dito popular, provérbio ou máximas, (re)significados ou não. Depois de refletirmos sobre o sentido literal/não-literal de alguns ditados populares, solicitei aos alunos que os contextualizassem respondendo à pergunta: "Em que situação vocês imaginam poder empregar esses ditados? Gostariam de modificá-los? Se modificarem, em quais outras situações poderiam ser utilizados?". Após responderem, avaliamos as colunas observando sua estrutura, características e outros detalhes. Então, pedi-lhes que escrevessem uma micronarrativa semelhante à do autor. O resultado foi a produção de textos muito criativos.

Muito sucintamente, e adotando uma concepção tradicional de narrativa, podemos afirmar que as micronarrativas são um gênero caracterizado pela concisão e brevidade, estruturado numa linguagem densacontida, com muita economia de palavras –, coesa e intensa. A dimensão de tais contos é, portanto, compreendida pela sua profundidade temática.

Nesse gênero textual, observam-se os seguintes elementos: personagem(ns), que, numa sucessão de ações interligadas (explícita ou implicitamente), desencadeiam um conflito − seja psicológico seja existencial − numa narrativa. A tensão é, portanto, fundamental nesse gênero. O efeito da narrativa não se manifesta pela extensão, mas pela intensidade, o que não está escrito, mas, pela omissão, pelo imprevisível, pelo que surpreende. O foco narrativo geralmente é marcado pela 1ª ou 3ª pessoas do singular, ora com o emprego do discurso direto, ora, indireto.

No post a seguir, serão expostos os ditados, provérbios ou máximas analisados em sala de aula. Desejo-lhes uma excelente sexta-feira! Bj, profª Laís!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Microconto (7) (8ª série)

Imagem: aqui
"Nas águas da paixão
Por Voltaire de Souza

É sempre difícil encontrar um amor. Fred tinha pouca sorte com mulheres. Era rico. Simpático. Charmoso. Mas vivia só. Fez até exame para ver se tinha mau hálito. Mas não. Era azar mesmo. Um fora atrás do outro. Estava desanimado. “Festas? Bares? Nunca mais”. Um amigo insistiu. Inauguração de uma choperia. Fred pegou o carro. Chovia muito. A cidade alagada. No túnel, largou o carro. Enfrentou a correnteza. Boiando, passou por ele uma boneca inflável. Agarrou-se à sereia de plástico. A paixão foi imediata. Na enxurrada da vida, o que cai na rede é peixe."
Amanhã a profª Laís Lima postará sobre a atividade com microcontos que realizou com seus alunos. Aguardem! Bj, Tê!

Microconto (6) (8ª série)

Voando alto
Por Voltaire de Souza

"A idade é muitas vezes cruel. Dona Corália estava com 80 anos. A cabeça andava fraca. Começou a tomar remédios para a memória. O resultado foi inexpressivo. Resolveu apelar para a religião. “Quero uma igreja porreta”. Recomendaram uma perto do aeroporto. Era um sábado à noite. Uma fila de mulheres na porta. Ela entrou. “Padre de sunga? Impressionante”. Canções. Ritmos. Stripe-tease. Era um clube de mulheres.
Dona Corália tinha errado de endereço. Mas não reclama. 'Já me sinto vinte anos mais jovem'. Não é preciso olhar para cima quando se quer ver o céu."

segunda-feira, 22 de março de 2010

Boa semana com dança folk!

Cliquem aqui e assistam à animação de dança folk. O site é de Jacquie Lawson. Liindo! Um bom início de semana! Bj, Tê!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Detalhes, por Quintana

"A gente deve atravessar a vida como quem está gazeando a aula, e não como quem vai à escola." (Mario Quintana)
Hãm...? Ops! acho que me enganei na postagem...! Desse jeito vão pensar que sou uma professora "politicamente incorreta", rsrs!!!
Não é linda a leveza do nosso Quintaninha? Bjocas, pessoal! Bom final de semana! Tê!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Orgulho e saudade, por Rubens Amador (2º ano Médio)

Imagem¹ extraída de: ONG Viva o charque (aqui)
"Ao ler a matéria do blog Amigos de Pelotas, com o título Quando a escola pública era referência... e a imagem² do então “Gymnásio Pelotense”, exemplo único, entre nós, de boa qualidade no ensino público, senti um arrepio. A imagem, uma pintura, é por demais evocativa para nós, ex-Gatos Pelados daquele tempo e daquele ginásio.

Veio-me logo à lembrança a conjunção de grandes mestres que tivemos, dificilmente encontrada numa escola de hoje. Naquele tempo nós achávamos que só o Colégio Pedro II, no Rio, famoso por seu corpo docente, igualava-se ao velho Pelotense.

Vejamos: nosso professor de Português era o grande Paula Alves. Na matemática, o marcante professor Joaquim, irmão do primeiro. Nosso professor de Inglês trabalhara por l8 anos em West Point, nos Estados Unidos, o professor Adolfo Souza. No francês, era um parisiense, o Prof. Jules Delanoy.

No latim, tínhamos o grande professor Antonio Augusto Pinto, advogado português, egresso de Coimbra, e que considerávamos homem da maior cultura. Igualmente lusitano, Dr. José Balreira, médico, lecionava latim com grande conhecimento, e provinha também da famosa Universidade de Coimbra.

Na química, Dr. Ceslau Maria Biezanko, polonês de nascimento e cientista conhecido no mundo todo, onde seu nome figura até hoje como o descobridor de um inseto único, como entomologista que também era, nos livros da especialidade, universais, com o nome científico do inseto, chamado de “Biezankóia”, em sua homenagem.

Profissional de grande conhecimento técnico, o professor de desenho, Dr. Benjamim Gastal, possuía curso em Seattle, nos Estados Unidos. Posso lembrar ainda, com saudade, de nosso professor de educação física, um suíço chamado Roberto Müller.

Dos professores estrangeiros que tínhamos, evoco com grande saudade o nosso professor de Canto Orfeônico, o maestro espanhol Valeriano Olivares, formado em Barcelona, também intérprete e compositor de várias peças musicais para piano. Lembro ainda do professor Machadinho, também no latim. Do Dr. Vicente Russomano, advogado, que lecionava História, homem de vasta cultura.

Havia ainda um mestre, professor Raul Romeu Iruzun, que chamávamos de “Coringa”, porque, toda vez que faltava um professor, ele dava aula em que matéria fosse: inglês (servira na marinha mercante britânica), na qual, por vários anos, viajou pelo mundo; lecionava também francês, história do Brasil ou universal, latim, ciências, geografia, português. Iruzun foi um mestre inesquecível para os Gatos Pelados que tiveram a graça de terem sido seus alunos.

Devo ter cometido alguma injustiça, esquecendo algum nome, tantos eram os bons e competentes que foram nossos mestres no velho Gymnásio Pelotense."

Crônica transcrita do blogue Amigos de Pelotas (aqui)

1: Desde 1903 até 1959 este majestoso prédio abrigou o Colégio Municipal Pelotense, que por meio do seu corpo docente magistral propiciou aos seus alunos muito sucesso em suas vidas profissionais... Posteriormente, cedeu suas dependências ao Colégio Salis Goulart, o qual com muito sacrifício manteve razoavelmente a edificação.

2: A imagem a que Sr. Rubens Amador se refere é outra. Cliquem no link acima para vê-la.

Rubens Amador é pelotense, cronista literário e jornalístico. Produziu, durante vários anos, muitos trabalhos como colaborador na imprensa pelotense. Gratíssima ao Sr. Rubens por permitir que esta crônica _ na verdade, ela vem a acrescentar informações sobre o que Francisco Antônio Vidal escreveu ontem (aqui) _ fosse transcrita no Alquimia! E assim vamos conhecendo um pouco a história de nossa cidade...!

Desejo-lhes uma excelente quinta-feira! Bj, Tê!

Microconto (5) (8ª série)

Mamãe querida
Por Iarima Redü
A maternidade é mesmo uma bênção. Dona Marieta que o diga. Pariu e educou três filhos. Fez de tudo por eles. Trocou fraldas. Dormiu mal durante muitas noites. Correu para postinho médico. Ajudou no dever da escola. Deu dinheiro para festinhas. Viu crescerem. Viu casarem. Mas nenhum dos filhos quis ver a mãe enviuvar. Diminuir. Adoecer. Perder o domínio do intestino. Esquecer de tomar banho. D. Marieta foi empurrada de um filho a outro qual batata quente. Passava as férias num asilo fedorento ou no hospital. Os filhos brigavam para ver quem ia ter de ficar com ela. Um dia, todos a esqueceram. Não foram buscá-la na rodoviária. D. Marieta morreu sozinha, esperando num banco do terminal. Ser mãe é padecer no paraíso.

Iarima Redü foi minha aluna na Ufpel. Cursa francês nessa universidade e escreve maravilhosamente bem. Agradeço pela permissão de postar este texto. Obrigada, Iarima! Um bj, querida!

Postado originalmente em Tear de Sentidos (aqui). Assim como ela, que tal vocês se arriscarem...? Hãm...? Enviem para o e-mail do blogue se desejarem. Talentos por aí...? Hum...! Bj, Tê!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Ginásios e academias

Esta sexta-feira 19, o Colégio São José de Pelotas faz cem anos. No apogeu de riqueza e cultura que vivíamos em 1910, uma iniciativa política organizou, em conjunto com a Igreja Católica, essa empresa educativa que dura até hoje. A criação de uma escola só para meninas, ousada novidade muito bem acolhida na época, me fez pensar sobre a origem de nossos outros colégios tradicionais.

Em 1895 começou a funcionar o Gymnasio Gonzaga, instituição católica para a formação masculina, e em 1902 o Gymnasio Pelotense, reação da maçonaria para educar cidadãos de pensamento liberal. A rivalidade ideológica extrapolou os muros de cada escola com as passeatas do Gato Pelado, denominação dos jovens do Pelotense a partir de 1938, quando a música da marcha “As Pastorinhas” foi tomada para compor o hino carnavalesco do colégio de homens que rivalizava com o religioso e bem-comportado Galinha Gorda.

Na criatividade juvenil, as iniciais escolares GP e GG derivaram em símbolos sociais: o gato-pelado se identificava com a origem humilde de muitos seguidores do liberalismo (o ateísmo democrático da época) e a galinha gorda seria a sátira para os meninos bem-alimentados do catolicismo (resquício do monarquismo proibido desde 1889).

O que poucos consideravam eram os significados de “ginásio” e sua origem grega (denunciada pelo “y”, letra abolida no português do século XX).

A palavra se referia originalmente a um lugar para fazer exercícios físicos sem roupa (gimno = nu), prática nudista num tempo em que não existiam camisetas, nem calções nem sapatos acolchoados – estamos falando da antiga Grécia, quando somente os homens participavam na vida pública e a educação dos meninos valorizava o esporte e as letras por igual.

Do ginásio atlético saiu a ginástica, prática física com roupas leves, dentro dos pudores sociais. Na Europa do século XIX, o lugar delimitado para exercícios se estendeu ao estabelecimento de ensino como um todo – daí os nomes dos nossos colégios, academias e liceus. No Brasil, pelo menos na região Sudeste, o ginásio ganhou terceiro sentido, mais abstrato: o nível educacional dos 4 últimos anos do que hoje se chama “ensino fundamental”. Até 1973, tínhamos o primário, o ginásio e o colegial.

O espanhol nos dá um quarto sentido, que denuncia outra de nossas contradições. O que eles chamam de “gimnasio” para nós são as modernas academias, aonde muitos vão para suar e baixar de peso. Curiosamente, a Academia original ateniense, fundada por Platão com o nome do herói lendário Akademos, foi uma vertente de estabelecimentos e costumes intelectuais, não esportivos. Por exemplo, as academias literárias e os diretórios acadêmicos.

O país do futebol e do eterno verão transformou os “ginásios” em escolas para a mente cerebral – aonde se vai bem vestido – e as “academias” em ginásios corporais, onde se fica quase pelado (em português, duplo sentido de “sem pelo” e “sem pele”). Como os gatos pelotenses, que se orgulham dos seus estudos acadêmicos.

Uma das músicas mais típicas de academia de ginástica é “YMCA” (1978), inspirada na Associação Cristã de Moços inglesa, fundada em 1844 para acolher pessoas pobres e dar-lhes educação integral.
Itálico

Francisco Antônio Vidal, 49, é psicólogo formado no Chile, mestre em Saúde e Comportamento (UCPel, 2010), editor do blogue Pelotas, Capital Cultural (aqui) e etimologista autodidata. É colaborador do Alquimia com a seção Palavras sobre Palavras. Com este texto, aabou por colaborar também com "Histórias de Pelotas". Desejo-lhes uma excelente quinta-feira! Bj, Tê!

Crônica sobre um pardal, por Rubens Amador (2º ano Médio)

"Passou-se já longo tempo! Teria eu meus quatro ou cinco anos de idade. Meu tio Leôncio estava condenado a morrer de tuberculose.

Naquele tempo era assim. Não havia o pneumotórax, a hidrazida ou os antibióticos. Os bem abonados economicamente procuravam cidades altas, como Campos do Jordão, ou iam para as Minas Gerais. O ar rarefeito desses lugares exigia menos movimentos respiratórios dos pulmões e, este fato, aliado a uma alimentação rica, ensejava, em muitos casos, uma maior chance de cicatrização das cavernas pulmonares.

Os doentes daqui, sem muitos recursos para buscarem uma possibilidade de cura em clínicas distantes e caras, iam para nossa campanha mesmo ou para lugares que a elas se assemelhassem. Procurava-se o ar puro para quem o estava perdendo dia a dia.

Foi o que fez minha avó com seu filho doente, que adorava. Alugou uma chácara, parece-me que na Cascata, e para lá levou seu primogênito. Meu tio era uma criatura boníssima e paciente. Era magro, alto e jovem. Lembro-me muito bem dele com sua barba negra e bem cuidada que, apesar disso, aumentava-lhe o aspeto de doente. Mas ele tinha muito orgulho de sua barba e não a tirava por nada.

Um belo domingo meus pais foram visitá-lo – durante uma tarde – levando-me com eles, que era seu filho caçula.

Eu brincava por entre o pasto do terreno, nos fundos da chácara, onde havia muitas árvores frutíferas.
Em dado momento meu coração pulou forte, de surpresa e alegria! Eu vira um filhotinho de pardal – que ainda não voava – no chão, saltitando, e lembro-me que não foi muito difícil correr atrás dele e pegá-lo.

Oh, tempos dourados que nossa mente tão nova tudo grava, de maneira indelével! Aquele passarinho era a primeira coisa realmente minha. Atingia, por isso, naquele momento, um significado extraordinário para mim. Representava uma posse e uma vitória, que só a tenra idade da inocência podia emprestar àquele acontecimento tão banal.

Corri para casa, a uma dezena de metros de onde eu me encontrava, trazendo desajeitadamente a frágil ave entre minhas pequeninas mãos, meio assustado e desconfortável com as bicadas com que o animalzinho procurava se defender. Mas não o larguei, afinal era meu primeiro troféu.

Tio Leôncio foi a primeira pessoa que encontrei. Estava sentado, tomando sol em uma cadeira nos fundos da casa e provavelmente, reparando por mim enquanto eu descobria aquele ambiente totalmente novo.

Mostrei-lhe o pássaro que “caçara”, com sensação de vitória e fortuna, representadas por aquele pardalzinho cativo em minhas mãos. Meu tio me elogiou pela minha coragem, e disse-me que aquele pássaro (um pardal!) era muito bonito. Agora ele já o segurava, enquanto eu o cercava excitado.

“Rubens”, disse-me. ”Só tem uma coisa: ele é muito pequeno ainda, precisa ser alimentado por sua mãe e seu pai, para crescer. Tem que aprender a voar com eles. Por isto se deixou pegar. Está indefeso.”

Um sentimento de desolação – lembro-me – tomou conta de mim. Perguntei-lhe aflito: 'Vou ter que soltá-lo?'

Meu tio piscou-me um olho e tranquilizou-me: 'Mas eu sei de uma simpatia que, quando este pardalzinho estiver pronto para voar e alimentar-se sozinho, ele vai voltar para ti um dia...'

'Como?' – indaguei ansioso. 'Olha o segredo (respondeu-me com voz entre baixa e misteriosa): vai ter de ficar entre nós para sempre.' E continuou: 'A gente coloca três pedrinhas de sal na cauda dele e aí solta-se o passarinho perto de uma árvore; quando estiver adulto, grande, ele volta e o pegas de novo.'
Concordei logo, ante tanta sapiência. Ansioso o vi levantar-se, e com passos lentos ir até a cozinha, onde apanhou o saleiro. Retirou algumas pedrinhas maiores de sal e colocou-as entre as penas da cauda do pássaro. Eu a tudo observava, segurando o animalzinho – honrado – enquanto ele fazia aquela simpatia secreta que traria meu pardal de volta, um dia.

Pouco tempo depois, meu tio morreu. Fomos todos lá onde ele dormia para sempre. Alguém chorava baixinho. Guardo na lembrança a sua face morta, que, hoje percebo, muito se assemelhava à de Che Guevara também sem vida, na maca.

Adulto, nunca me esqueci daquele agradável incidente ocorrido entre as minhas primeiras experiências positivas no aprendizado que todos fazemos, aos poucos, na Universidade da Vida. Sempre que vejo um pardal adulto saltitando entre as pedras da rua a catar um grão qualquer, pergunto-me se não será aquele que foi meu, em um dia distante, numa posse tão fugaz, e que agora finalmente estaria voltando.

Afinal, dentro da gente, sempre fica a parte melhor da criança que fomos um dia. "

Rubens Amador é cronista literário e jornalístico. Produziu, durante vários anos, muitos trabalhos como colaborador na imprensa pelotense. Concordou em publicar algumas crônicas e contos no blogue Pelotas, Capital Cultural, cujo editor é Francisco Antônio Soto Vidal. A crônica foi transcrita do blogue mencionado (
aqui) e veio acompanhada, a pedido do próprio autor, por comentários do editor Francisco , os quais merecem igualmente serem lidos.

Essa crônica de memórias, de uma singeleza ímpar, despertou em mim sentimentos de ternura e saudade da minha infância, tão bem agraciada pela presença de meus pais e familiares, sempre presentes em minha vida. Gratíssima ao Sr. Rubens por nos brindar com esse presente, e ao – Francisco –, por publicá-la e permitir que eu a transcrevesse aqui. Bj, Tê!

Desejos, por Drummond

Imagem: aqui
Para matar um pouco a saudade do nosso poeta, que tal a leitura de uma crônica (aguardem o próximo post) para ilustrar as considerações abaixo e de um poema do nosso querido Drummond? Cliquem na imagem para ampliá-la! Liiindo, não? Bj, Tê!

Crônica, por Drummond (2º ano Médio)

A profa. Rosângela Vargas escolheu o nosso poeta _ e cronista _ Carlos Drummond de Andrade para se manifestar acerca desse gênero textual. Vejam só:

"Crônica tem essa vantagem: não obriga ao paletó-e-gravata do editorialista, forçado a definir uma posição correta diante dos grandes problemas; não exige de quem a faz o nervosismo saltitante do repórter, responsável pela apuração do fato na hora mesma em que ele acontece; dispensa a especialização suada em economia, finanças, política nacional e internacional, esporte, religião e o mais que imaginar se possa. Sei bem que existem o cronista político, o esportivo, o religioso, o econômico etc., mas a crônica de que estou falando é aquela que não precisa entender de nada ao falar de tudo. Não se exige do cronista geral a informação ou comentários precisos que cobramos dos outros. O que lhe pedimos é uma espécie de loucura mansa, que desenvolva determinado ponto de vista não ortodoxo e não trivial e desperte em nós a inclinação para o jogo da fantasia, o absurdo e a vadiação de espírito. Claro que ele deve ser um cara confiável, ainda na divagação. Não se compreende, ou não compreendo, cronista faccioso, que sirva a interesse pessoal ou de grupo, porque a crônica é território livre da imaginação, empenhada em circular entre os acontecimentos do dia, sem procurar influir neles. Fazer mais do que isso seria pretensão descabida de sua parte. Ele sabe que seu prazo de atuação é limitado: minutos no café da manhã ou à espera do coletivo."

(de Carlos Drummond de Andrade; trecho extraído de Ciao, última crônica do poeta, publicada em Jornal do Brasil, 20/09/1984)

Gratíssima, querida Rô, pela colaboração! Bj, Tê! Em tempo: quem sabe a menina da foto, _ que desconhecemos _ a qual parece gostar de escrever desde pequena, não escreve hoje algumas crônicas? A profa. Rosângela Vargas vai selecionar crônicas de alunos os quais queiram postá-las no blogue... Vamos lá! Mãos à obra! Estamos aguardando!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Poesia visual

Olá, pessoal! Lindo o vídeo, não? E uma reflexão interessante! Bom início de semana! Bjs, Tê!

domingo, 14 de março de 2010

Microconto 4 (8ª série)

Imagem (aqui)

"Pesquisa de mercado

Por Voltaire de Souza

É importante desarmar a população. O sr. Licínio era pela paz. Morava sozinho num sobrado do Ipiranga. Sentiu-se feliz quando telefonaram de um instituto de pesquisas de opinião. 'Claro, concordo. As armas devem ser proibidas'. O pesquisador fez mais perguntas. Nível de renda? Era bom. Televisões em casa? Duas. Alguma arma guardada? Nenhuma. Na mesma noite, o sobrado de Licínio foi visitado pela quadrilha de Nico. Com uma lista na mão, o assaltante conferia os itens de valor. 'Procuro agir com método e segurança. Sem tiroteio'. Pesquisar antes de agir é o segredo do sucesso sem risco'. " Um excelente domingo!Bj, Laís e Tê!

Microconto 3 (8ª série)

"O fim de uma barriga
Por Voltaire de Souza

Uma coisa ninguém gosta de ter: barriga. Complexos. Frustrações. Exercícios, regime? O sujeito pára depois de três dias. Por que não fazer uma lipo? Muito homem tem vergonha de fazer lipoaspiração. Tem um que fez. Gordo. Briguento. O Belini. Foi assim. Ele teve um desentendimento no trânsito. Coisa à-toa. Mas terminou com dois tiros na barriga. Foi levado para o hospital. Antes de entrar na faca, pediu para o médico: 'Aproveita e faz um lipo. Uma lipo, por favor'. Fizeram. Hoje ele é um homem feliz. Lipoaspirado. Mesmo um tiro pode levar ao aperfeiçoamento pessoal."

sexta-feira, 12 de março de 2010

O último homem, por Rubens Amador (3º ano Ensino Médio)

Os rios haviam secado, literalmente. A vegetação voltara aos tufos dos primeiros tempos. Os pássaros, os peixes, e os animais em geral, há muito se haviam extinguido dado a Grande Tragédia da Humanidade, chamada de “Poluição Ponto 1000”.

Finalmente o ser humano chegara ao derradeiro estágio. De nada adiantaram as repetidas campanhas e advertências sobre a premonição daquele fim para o qual todos haviam colaborado. A ânsia do lucro fora maior que tudo.

E lá estava ele, aquele homem que encarnava a Espécie, como o herói de um cenário negativo. Era o último. Ainda inadaptado à solidão; barbudo, sujo, desnudo. Realmente tinha-se dado uma terrível compulsão universal de volta às origens, numa inversão da escala evolutiva. Era um retorno aos primeiros tempos, depois do pináculo do ser humano.

Agora, aquela sombra de homem se movimentava num cenário de pedra-pomes, cujas elevações e árvores petrificadas desenhavam fantasmagóricas criaturas, dignas de um cenário do Macbeth de Orson Welles.

Os períodos dos dias e das noites, por um supremo desequilíbrio, transformaram-se em um ambiente único e estático. Não havia mais chuva. Nem ventos. Nem sol. Nem lua.

Permanentemente, aquele vazio enorme há anos – igual, irremediavelmente igual – transformando o ambiente numa espécie de entardecer eterno, provindo de nuvens sanguinolentamente avermelhadas. E o silêncio... Um silêncio eloquente em todos os lados.

Mas ele, o Último Homem, não desistia apesar de toda a adversidade. E lutava para sobreviver. Precisava caminhar quilômetros a cada dia, em busca de um pouco de água, penosamente obtida depois de muito cavar com as próprias mãos. Seus pés estavam em chagas, de tanto vagar na lava consolidada e áspera. Aliás, o homem pode suportar muita coisa enquanto suportar a si mesmo. Pode viver sem esperança – inclusive, sem amigos, sem livros ou mesmo sem música, enquanto for capaz de ouvir seus próprios pensamentos. Mas naquela situação ele se dera conta de que o homem tinha sido o lobo do próprio homem. E, talvez movido pela decepção, começou a fraquejar.

Dramática era sua busca, em vão, de estabelecer qualquer diálogo – havia muito ansiado – com o próprio eco que fosse, como uma forma de vencer aquele abandono, mesmo através da mais rudimentar forma de comunicação ainda possível, pensava.

“Eu sou um ser humano!", gritava com suas poucas forças, e por cerca de vários dias escutava apenas sua própria frase, reproduzida até sumir. E insistia bradando nova sentença, na esperança de ouvir qualquer contestação. De som ou de ideias.

As verdades transcendem. E deu-se conta de que outras também eram válidas. Que o homem, por exemplo, vazio do contato do semelhante, mesmo que ainda lhe sobrem alguns valores, ao final passa a ansiar pela solidão da morte. “Por que não lutara para evitar a poluição ambiental?” – perguntava-se em desespero, autopunindo-se.

Exausto, no torvelinho daquele labirinto, sem uma tênue esperança ou possibilidade de sair, abandonou-se na maior lassidão. E, talvez no desejo vão de arrojar para fora de si a responsabilidade de continuar vivendo, reuniu forças e deu o derradeiro grito: "Eu vou morrer!"

Finalmente, o eco respondeu-lhe, entre seco e irônico: “Bem feito!"

E, naquela imensidão niilista, o Nada serviu de mortalha para o Último Homem.

Rubens Amador é pelotense, cronista literário e jornalístico. Produziu, durante vários anos, muitos trabalhos como colaborador na imprensa pelotense. Concordou em publicar algumas crônicas e contos no blogue Pelotas, Capital Cultural, cujo editor é Francisco Antônio Soto Vidal. O conto acima foi transcrito do blogue mencionado (aqui).

Gratíssima ao Sr. Rubens por nos brindar com esse presente, e ao Francisco, por publicá-lo e permitir que eu o transcrevesse no Alquimia!

O texto acima veio a público em 1979. Já naquela época _ vejam a contemporaneidade do conto! _ o Sr. Rubens Amador conseguiu, com um estilo ao mesmo tempo grave e profundo, descrever muito bem a crise existencial de um homem (o Último Homem) e assim traçar um breve _ como requer o gênero conto _ panorama da situação ecológica do Planeta atualíssima! Comentaremos posteriormente esse texto. Bj, Laís e Tê!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Microconto 2 (8ª série)

Imagem (aqui)

A arte de relaxar

Por Voltaire de Souza

É muito tensa a vida na cidade grande. Filas para o cinema. Congestionamentos. Assaltos. Para relaxar, nada melhor do que uma banheira com hidromassagem. Douglas fazia questão. Com o uísque do lado. Chegou em casa nervoso. Chutou o cão de raça Tirannus. Xingou a governanta Ana Augusta. Que o entregou ao cão. "Deve estar macio agora". Um homem duro é seu próprio Titanic.

Microconto 1 (8ª série)

Imagem (aqui)

Leite azedo

Por
Voltaire de Souza

A solidão ataca quem vive na cidade grande. Mariano estava separado da mulher. Recorreu a uma agência de encontros. “Depois da Cilmara, qualquer uma vai ser melhor”. Interessou-se por uma tal Morena Carinhosa. A fim de relacionamento estável. Combinaram o primeiro encontro numa lanchonete árabe. Na hora marcada, a surpresa. Em vez da Morena Carinhosa, era Cilmara quem esperava Mariano. “Lamento avisar, Mariano, mas grampeei teu telefone. E a tal Morena expulsei daqui a tapa”. Os dois se beijaram e dividiram uma coalhada. De leite azedo, é possível criar delicadas sobremesas.

As micronarrativas de Voltaire de Souza (8ª série)

Imagem: microescultura de Willard Wigan (aqui)

Por Teresinha Brandão

Apresentamos neste post alguns dados sobre um consagrado escritor do gênero que muitos estudiosos da área da literatura denominam de microconto. Escolhemos, por ora, um colunista do jornal Folha de São Paulo: Voltaire de Souza, pseudônimo utilizado por Marcelo Coelho, ensaísta, crítico e colaborador do jornal, autor de Vida Bandida, nome igualmente dado à coluna assinada por Marcelo na Folha.

Voltaire de Souza, conforme se verá nos microcontos escolhidos a serem publicados, registram em suas narrativas acontecimentos rotineiros, deles extraindo o que de mais absurdo comportam. Esse absurdo é um efeito resultante de aspectos trágicos aliados ao cômico, em uma narrativa na qual o imprevisível está sempre presente, e concentrado no senso comum, pois os textos culminam – nos de Voltaire, em específico – com um dito popular, uma frase de efeito ou uma “moral da história”. O elemento tragicômico é perceptível, na maioria das vezes, por uma visão de mundo fronteiriça entre a amargura, a crueza da vida, e a comicidade desencadeada por algum fato inesperado ou do dia-a-dia. Nas histórias, escritas em um estilo ultrarrealista e sintético, quase telegráfico, diríamos, suas personagens experenciam aventuras desencadeadas por seus próprios impulsos, sejam eles originados de tensões completamente desordenados, sejam da simples necessidade de fugir do tédio cotidiano.

Alguns dos textos de Voltaire podem ser encontrados no blogue que o colunista mantém na Folha Online (clique aqui) ou no livro Vida Bandida. Uns dos que ofereci a vocês, leitores, foram extraídos da própria Folha.

Além disso, postaremos alguns microcontos escritos por ex-alunas. Desejamos-lhes que tal leitura seja proveitosa. Quem quiser arriscar-se nessa aventura de escita... E então...? Bj! Profa. Laís e Tê!

Queridos alunos (8ª série Fundamental)

Queridos alunos,

A profa. Laís Lima e eu estamos preparando um material sobre intertextualidade e sobre os gêneros conto e microconto. Acreditamos que também as Profas. Rosângela Vargas e Liliane Leonardo queiram juntar-se a nós, o que será posteriormente confirmado. Esse trabalho em equipe seria maravilhoso! Enquanto preparamos o material, decidimos postar um conto e alguns microcontos durante esta e a próxima semana. Iniciaremos com o microcontos de Voltaire de Souza, pseudônimo de Marcelo Coelho, colunista do jornal Folha de São Paulo, e com um conto do pelotense Sr. Rubens Amador. Boa leitura! Bjs! Profa. Laís e Tê!
Acompanhem as postagens consultando o "Índice da 8ª série", inserido no "Índice Geral" (ver lateral à direita do blogue).

segunda-feira, 8 de março de 2010

Crianças brasileiras no mau caminho

Por Francisco Antônio Vidal

Às vezes fico surpreso quando, falando de palavras, vejo que alguém não sabe a origem de alguma, muito óbvia para mim. Mas é nesses casos que posso comentar o que sei e descobrir detalhes menos óbvios. Foi o que me ocorreu há uns dias: ao mencionar os trombadinhas descobri os pivetes.

As crianças e adolescentes que roubam pessoas na rua desenvolveram a técnica de dar esbarrões (trombadas) em suas vítimas para distraí-las, às vezes em dupla de assaltantes: um aplica a violência visível e o outro comete o delito, sem dor e sem ser percebido. O autor ficou com o nome da ação (trombada, golpe com a tromba, nariz ou focinho). O diminutivo é pela idade do delinquente; não pelo tamanho do golpe. Também por proximidade, os guardas ficaram como "seguranças" (substantivo abstrato feminino que virou concreto masculino; só no Brasil).

Ora, se o trombadinha era um bandido denominado por sua técnica, ficou depois associado com a idade dele também, virando sinônimo de criança pobre. Veja a curiosa definição do Wikcionário para
trombadinha: "cidadão menor de idade, que - sem recursos para viver já que ficou sem família - é obrigado a roubar para sobreviver nas ruas". Mas é possível um "cidadão" ser menor de idade? O que obriga a criança a roubar é a falta de recursos? Ao fazer 18 anos, já é ex-trombadinha? Aquela vírgula depois de "idade" transformou o assaltante em sinônimo de criança?

A trompa (da onomatopeia trump) originou trompetes, trombetas e trombones. A tromba do elefante faz esse ruído e a palavra ficou significando "nariz". Trombar é dar de nariz. A tromba d'água tem forma de tromba de elefante; as trompas de Eustáquio e de Falópio também. Não confundir com "trombo", que significa coágulo (daí a trombose).

No nosso mundo social, onde pobreza, violência e amoralidade se misturam, apareceram os pivetes, simplesmente crianças (do espanhol pebete, menino), que por associação (brasileira, e especificamente de SP e RJ, segundo o Aurélio) ficaram com o sentido popular de "menor ladrão". Ao contrário do trombadinha, o pivete é uma criança que virou assaltante, na sinonímia popular. Nossa linguagem reflete nossas confusões morais e nossa tolerância à corrupção e à impunidade. Se fôssemos politicamente corretos e seguíssemos o Estatuto da Criança, teríamos que revisar e talvez até proibir a música de Chico Buarque e Francis Hime (1978), Pivete.


Francisco Antônio Vidal, 49, é psicólogo formado no Chile, mestre em Saúde e Comportamento (UCPel, 2010), editor do blogue Pelotas, Capital Cultural (aqui) e etimologista autodidata. Colaborará com o Alquimia com a seção Palavras sobre Palavras.

sábado, 6 de março de 2010

A flor das canções, por Alvaro Barcellos

Por Alvaro Barcellos

Na flor das canções
a paz reina pura
a paz reina plena
e não deixa espaço algum
pras dores irremediáveis
de hoje e de ontem
pras dores irremediáveis de sempre.
E não pode haver lugar
para misérias de toda ordem
nem para as bombas
nem para o fogo dos abandonos.
O nome das canções
forjado na luta
sopra ares de justiça
de amores de quintal
de sol nas janelas.

Nasce o nome das canções
do trabalho
de homens formigas abelhas
do trabalho dos peixes
do curso dos rios
do desenho das nuvens
do voo imprevisto das aves
do trabalho das chuvas
da luz das manhãs de inverno
a invadir as varandas
do amor de mulheres e homens.


Se escreve com paixão
o nome das canções
(raios de esperanças
no febril e incerto
horizonte humano).
Se escreve com vida
a flor das canções.

Alvaro Barcellos é pelotense, formado em Direito e Letras, com especialização em Literatura Brasileira Contemporânea. Apaixonado por poesia e música, já foi premiado nas duas modalidades de arte. Cliquem aqui e "passeiem" por seu site com canções e poemas liiiiindos! E aqui para acessarem seu blogue. Vale a pena! Um excelente final de semana! Bj, Tê!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Riverdance: um "espetáculo" de dança!

Como nossa escola tem um grupo de dança e como gosto muito Irish Music, e mais, como adoro o Riverdance, que tal um momento de desconstração?

Para saberem mais sobre o Riverdance, cliquem aqui. Nesse link vocês poderão assistir a um outro vídeo sensacional! Uma boa noite! Bjs, Tê!

Argumentar, persuadir ou coagir? (aos alunos do 1º, 2º e 3º Médio)

Por Teresinha Brandão
"Alguns gêneros do discurso se ancoram no processo de argumentação para dele extrair sua "matéria-prima". A argumentação é um processo fundamentado no raciocínio lógico, na organização do pensamento, de forma a sustentar uma tese com argumentos cla­ros, convincentes, sem apelar ao imedia­tismo e à emocionalidade. Ao falarmos em persuasão, entretanto, em lugar da racionalidade, da evidência, há o apelo à afetividade, à impulsividade, ao imediatismo. A persua­são assim vista é própria da maioria dos discursos publicitários, dos discursos políti­cos (não-sinceros, hehe!)

Tomemos um exemplo de texto em que a persuasão se sobrepõe à argumentação: uma peça publicitária da Duloren, que elabo­rou sua campanha de lançamento de lingeries, há alguns anos, movendo o leitor pela provocação, pelo desafio, conforme percebemos não só pelas fotos, como também pela estrutura utilizada “Você não imagina...”, a qual desperta uma curiosidade no leitor. Na revista, essa curiosidade é aguçada, enfatizada pois as duas fotos aparecem de tal modo que o leitor, para continuar a leitura, deve virar a página. Aqui não foi possível reproduzir dessa forma as imagens, o que já diminui o impacto da surpresa no final da peça publicitária.


Provocação, desafio, curiosidade, erotismo são, pois, palavras-chave nessa peça. Não é o raciocínio lógico que incita o leitor a virar a página e tentar compreender o texto, até porque, pela lógica, seria difícil acreditar que um membro da seita radical Ku Klux Klan, conhecida pelas suas idéias de racismo extremo, poderia render-se aos apelos de uma mulher – e negra! – e, ao invés de ser seu carrasco, tornar-se seu servo, o dominado.

Observem que o homem é loiro, porta em uma das mãos uma tocha acesa (iria agredi-la, queimando-a?), e não mostra seu rosto, ao contrário, utiliza-se de um capuz, como fazem os membros dessa seita. Mas uma Duloren, bem... é capaz até mesmo de vencer o mais radical dos inimigos! Eis a vencedora: vestida com roupa íntima da Duloren, ela aparece já segurando o capuz numa das mãos e, com a cabeça erguida, segura o então inimigo, agora completamente dominado, tanto que ele parece estar ajoelhado, numa posição bem mais "baixa" do que a da mulher.


Nossa, mas o que uma Duloren é capaz de fazer, não? Rsrs...!

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A coerção também se diferencia da argumentação: enquanto a primeira visa impor uma tese, por meio de uma proibição, por exemplo, como em “Não fume!”, cuja tese é “fumar faz mal à sa­úde”, a segunda conduz, por meio de argu­mentos próprios do raciocínio lógico, o in­terlocutor a concluir que fumar faz mal à saúde ou, pelo menos, a refletir sobre os prejuízos do tabagismo. Podemos notar, no último caso, o caráter “liberal” da argumentação já que esta permite o con­fronto de idéias, promove a discussão.

Em síntese: argumentar não é simplesmente impor, mas fazê-lo, caso se queira a adesão do interlocutor, valendo-se de uma análise convincente, bem fundamentada, o que não ocorre em se tratando da coerção pois esta depende unicamente da vontade do locutor, manifesta por proibições, advertências, entre outros recursos.

Ainda, na argumentação, há uma ambivalência: ao mesmo tempo em que existe um efeito de "livre-arbítrio" _ o interlocutor pode reforçar uma tese, aderir a ela ou dela discordar _, observa-se a vontade de o locutor conduzir o interlocutor a aderir às ideias daquele. Argumentar, em tal caso, significa levar o interlocutor a aceitar o que está sendo dito.

Talvez esse caráter coercitivo, em parte presente na argumetação sob a forma de efeito de livre-arbítrio, seja decisivo para Charolles, um pesquisador da área de estudos de texto/discurso, ter afirmado que "o horizonte de toda argumentação é o silêncio...". Em outras palavras: convencer de tal forma que os argumentos possíveis contrários se tornem menos consistentes do que os do autor do texto." Bj, Tê!
Publicado originalmente em Tear de Sentidos (aqui).

terça-feira, 2 de março de 2010

Proposta de redação (alunos do 3º ano Médio)

"Esterilização de dependentes

Uma organização nos Estados Unidos está sendo criticada por oferecer dinheiro a dependentes de drogas e alcoólatras que aceitem receber contracepção de longo prazo ou ser esterilizados.

O objetivo do projeto sem fins lucrativos Prevention, ou Prevenção, é impedir que dependentes tenham filhos que eles não têm condições de criar.

Mais de 3 mil pessoas já teriam aceitado os US$ 300 oferecidos pela organização nos últimos anos e quase metade delas passou por procedimentos como a esterilização feminina e a vasectomia.

A fundadora do projeto, Barbara Harris, diz que quer acabar com o sofrimento de bebês inocentes.

Mas os críticos, como o Grupo Nacional de Defensores das Mulheres Grávidas (NAPW, na sigla em inglês), comparam as ações da organização a programas nazistas de esterilização e limpeza étnica. "
Comentários publicados no fórum proposto da BBC Brasil

"É besteira comparar essa situação com nazismo ou limpeza étnica, pois ninguém é obrigado a nada. Ao contrário, acho que essas pessoas viciadas, quando resolvem fazer a esterilização, estão em um raro momento de lucidez (ou só querem dinheiro de qualquer jeito, o que é outro motivo para que não criem crianças). Acho que essa iniciativa livra muitas crianças de uma infância abusiva e problemas congênitos."
Carolina São Paulo

"Acho a medida ótima, pois nem a pessoa drogada tem condições mínimas de subsistência, tampouco terá para receber uma vida que ao nascer necessita de muitíssimos cuidados. É claro que a prevenção antidrogas é a melhor atitude, mas, num cenário crônico como este, precisa-se de um paliativo até que haja um controle."
Alan Moreira Santo André - São Paulo

"Qualquer um que se venda por tão pouco é porque realmente não saberia o que fazer se tivesse uma vida sobre sua responsabilidade."
Douglas São Paulo

"Pude observar a filha de um amigo que já teve duas crianças nestas condições...e sim! Sou a favor da esterilização! Visto que a recuperação dessa pessoa é praticamente inviável devido sua própria condição financeira, emocional e a não admissão de necessita de ajuda. Ela diz: "cara, eu me controlo" e "não preciso de ajuda para parar" e ainda "paro quando eu quiser..." "
Roger Barra do Garças _ MT

"Acho um projeto fajuto e ineficaz. Fajuto porque não vai ajudar os dependentes químicos a resolverem os seus próprios problemas; ineficaz por não conseguir acabar com o sofrimento de bebês inocentes; e, com certeza, é melhor nascer e sofrer do que não viver."
Fernando Fidelix Nunes Brasília

"Sou contra! Não resolve a questão específica. Sou a favor de utilizar esse dinheiro em procedimentos psicoterapêuticos e novas estruturas para que as pessoas que tenham problemas fortes de ansiedade, depressão e compulsão possam ser tratadas. A partir de uma maior consciência do Ser no mundo, sua condição de se adaptar (suportar) às frustrações não pesa tanto, não sofre tanto com condições primárias, e principalmente que tenha condições de ampliar seus recursos para enfrentar novas situações."
Simone

"Eu sou de acordo com esse tipo de decisão, porque é socialmente melhor para todos, e também, porque é algo que não é feito na força e sim com o consentimento da pessoa. Algo igual também deveria ser feito para pedófilos, mas neste caso, sou a favor que seja feito mesmo sem o consentimento do criminoso."
João Moraes Brasilia

"Não seria mais normal "esterilizar = eliminar" os traficantes ? Não seria mais humano defender as vítimas da cobiça criminal, liquidando com a indústria da droga, prendendo os cúmplices? [...]"
Ariel
"Será que não estão querendo passar por cima da seleção natural? Charles Darwin iria achar isso muito engraçado! Se a moda pega, não poderíamos nos esquecer de esterilizar os políticos, os ladrões, os feios, os baixinhos, os gordos, os pobres e o pior, uma ampla galeria de pessoas que sofrem com o preconceito de diversos tipos!"
Murilo Porto Rio de Janeiro

"Inconstitucional: seria invasão da privacidade interferindo no direito de liberdade de cada cidadão. No nazismo alemão, há mais de 60 anos, alguns defendiam se eliminar pessoas não úteis para o trabalho, os doentes mentais e a eliminação das consideradas por eles como sub-raças. O Brasil vive outra época, estamos no século XXI."
Normando Lima Montreal, Canadá

"Ninguém é obrigado a passar pelo processo de esterilização. A escolha é absolutamente livre! Sendo assim, acho a iniciativa excelente. Isso ajuda evitar que mais crianças nasçam com anomalias ou então que sejam alvo de abusos, abandono, ou vítimas de qualquer outra barbaridade por culpa de pais irresponsáveis e viciados. O que há de errado nisso? Comparar esse trabalho com a "eugenia nazista" é pura burrice. As motivações, objetivos e efeitos de ambos os programas são completamente diferentes!"
Vestius Alonieus São Paulo

"Ah, ótimo! Depois vão esterelizar os gays, os diabéticos, os aidéticos, as freiras, os padres, os africanos e os alcoólatras. Tudo o que consideram escória! Não gente!"
Eduardo Garcia
"Isso é um completo absurdo, dependência de drogas não é um problema genético, é um problema de saúde. Todos temos o direito de ter filhos e cuidar deles com amor e carinho."
Adriane Manaus/AM

"Que absurdo! Serão esterilizados os alcoólatras e fumantes também? Ou as drogas lícitas não estão no projeto?"
João Batista de Lima _ Taubaté

"Espero não ser confundido com um fascista, mas concordo com a doutora Barbara Harris que diz que quer acabar com o sofrimento de bebês inocentes. . Acho que a decisão de ter filhos, naturais ou adotados, é de muita responsabilidade para se deixar nas mãos de pessoas desajustadas e infelizes. Acho política de saúde pública o planejamento familiar e quem não tiver condições de prover um mínimo de amor, carinho, afeição, e educação devem ter os seus filhos assistidos por instituições adequadas."
Silvio José de Castro Pinto Niterói RJ

Fonte: BBC Brasil (
aqui)

Proposta de redação

Como vocês julgam o projeto? É válida a ideia de impedir que dependentes tenham filhos? Por quê? Isso não representaria um preconceito contra uma camada da população? Quem deve decidir sobre ter ou não ter filhos?

Posicionem-se num texto dissertativo-argumentativo (entre 20 e 35 linhas aproximadamente). Não se esqueçam de que é necessário argumentar, e não apenas expor ideias! O nível de linguagem a ser utilizado, bem como o vocabulário devem estar de acordo com a norma culta da língua, embora os comentaristas da matéria usem a linguagem informal, coloquial em seus comentários. Bj, Tê!

Ps: O prazo para a leitura da coletânea e apontamentos, bem como a data de entrega da redação serão combinados em aula.