domingo, 23 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Jogo de bola (5ª e 6ª séries)
A bela bola
Rola:
A bela bola do Raul.
Bola amarela,
A da Arabela.
A do Raul,
Azul.
Rola a amarela
E pula a azul.
A bola é mole,
É mole e rola.
A bola pula.
É bela e pula.
É bela, rola e pula,
É mole, amarela, azul.
A de Raul é de Arabela,
E a de Arabela é de Raul.
(Cecília Meireles)
Para saberem sobre Cecília Meireles, cliquem aqui.
Olá, queridos alunos das 5ª e 6ª séries! Gostaram do vídeo? E do poema? Vamos trabalhar com esse material em aula, ok? Bj da Profa. Liliane Leonardo!
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Camelôs bem tutelados
Há cerca de duas décadas, a proliferação de vendedores ambulantes no centro de Pelotas levou à necessidade de um local onde eles tivessem bancas fixas, ou seja, deixassem de ser "ambulantes" (a palavra sugere caminhada, deslocamento).
Desde antes da construção, o lugar ficou com o apelido pejorativo de "camelódromo", depois suavizado para "shopping popular". Na cultura hispânica, conhecem-se como mercados persas, pelo costume árabe de vender em feiras. No Brasil, o mercador de miudezas ficou como camelot, de igual significado no francês.
O elemento grego dromo significa "corrida ou corredor" (substantivos). Daí saíram: autódromo e aeródromo, o neologismo brasileiro sambódromo, o termo médico dromomania (correr compulsivo) e o dromedário (camelo corredor). O elemento perdeu o conteúdo de deslocamento quando inventamos os fumódromos (espaços para fumar, sem movimento). Outra ideia brasileira, os camelódromos, acrescentaram uma ambiguidade: podem ser um corredor para camelos ou para camelôs. Ambos teriam um pé no Médio Oriente.
No aspecto legal, ninguém se importou com os camelôs serem comerciantes informais, que não pagam impostos normalmente, como o fazem os empresários estabelecidos. O povo denomina os produtos baratos como "piratas" (falsificados ou "fora-da-lei"), denunciando o lado negativo da atividade.
O primeiro camelódromo pelotense ia ser vertical (numa espécie de edifício, com vários pisos sem acabamento), mas a construção não deu certo. A opção foi um quarteirão baldio, vizinho à antiga Praça dos Enforcados, onde há um século passava um braço do Arroio Santa Bárbara (ainda se vê a ponte da Marechal Floriano com Santos Dumont).
Do outro lado da Floriano, situa-se a Receita Federal, onde as leis se cumprem com rigor, na área comercial e financeira. A impressão, no entanto, é que a União patrocina o comércio marginal. Em nosso país, fingimos cumprir a legalidade, mas legalizamos a improvisação e toleramos a corrupção. É o nosso Brasil dividido em dois.
Hoje, nosso respeitado camelódromo é visitado por pobres e ricos que buscam um produto barato e descartável, enquanto dezenas de outros ambulantes já se instalaram nas calçadas. Pelos corredores de nosso "mercado popular", quem fica fixo são os ex-ambulantes e quem corre são os compradores.
Francisco Antônio Soto Vidal, 49, é psicólogo formado no Chile, mestre em Saúde e Comportamento (UCPel, 2010), editor do blogue Pelotas, Capital Cultural (aqui) e etimologista autodidata. É colaborador do Alquimia com a seção Palavras sobre Palavras. Com este texto, acabou por colaborar também com Histórias de Pelotas.
A equipe da Santa Mônica agradece a Francisco e deseja a todos uma excelente semana!
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Palavras inglesas "safadas" II, por Rubens Amador
"Continuando com palavras na aparência semelhantes às portuguesas, o terror dos tradutores de inglês, aqui vamos desfilar mais algumas.
Remmitent é intermitente, e não remetente (sender). Ore é minério, não ouro, que é gold. Marmalade significa qualquer doce: Peach marmalade, pessegada (guava marmalade); goiabada, marmelada mesmo, é quince marmalade. To demand é exigir, não demandar, que é to sue. Saloon é botequim, e nunca salão, que é hall, Pension é pensão, no sentido de renda paga pelo Estado. Casa de pensão é boarding house. Exit sempre é saída, e não êxito (success). Obsequies não são obséquios, mas sim exéquias, funeral. Obséquios é favors. Pelo que já vimos até aqui, nunca vá pela primeira impressão; mantenha-se de sobreaviso.
Cuide: to invest é aplicar capital, e não investir (to attack). To pretend em português é fingir, simular, e nunca pretender (to intend). Wagon é carroça. Vagão ferroviário é railway car. Mosquito é o pernilongo. Mosquito, aquele do zunido, é fly. Fin é barbatana. Já fim se traduz end. Rue significa arruda, e não rua (street). Bond é uma ação, um título comercial, e não bonde, que é street car; real traduz-se por verdadeiro, genuíno, legítimo, e não real,(royal); really quer dizer efetivamente, em verdade, deveras, e não realmente (royally); photography é arte fotográfica, e não fotografia (picture). Preciosity poder-se-ia traduzir por preciosismo, maneirismo, afetação, nunca como preciosidade (preciousness).
Anotem bem: coroner significa magistrado, encarregado de investigar casos de mortes suspeitas. Coronel, o militar, é colonel. Já "coronel", entendido como aquele que dá dinheiro para garotas, diz-se sugar daddy. Vest traduz-se por colete; veste é garment. Journal é revista especializada, e não jornal (newspaper). Policy não é polícia (police), mas sim apólice. Lent não significa lente (lens), mas quaresma. Pinto é um cavalo malhado. Pinto é chick. To mar é deitar a perder, corromper, estragar. Mar é sea.
Novamente cuidado: bus boy é auxiliar de garçom, nada a ver com rapaz do ônibus. A exemplo de bus boy, outras palavras que não se podem traduzir literalmente: house opera é filme de far west. Horse sense, nada a ver com cavalos, equivale a bom senso, em vernáculo. Soap opera equivale a rádio novela. Ladies killer, sem matar ninguém, equivale a conquistador, "galã". Dressed to kill não é vestido para matar, e sim vestido com esmero, na "estica". School of fish é cardume. French letter é apenas "camisinha". Dutch party "cada um paga o seu". Castor oil é óleo de rícino. Ghost writer, escritor que escreve para outros. Grass widow é mulher separada, divorciada. Chese cake pode ser traduzida ao pé-da-letra, mas também quer dizer foto de garota com pouca roupa. Skeleton in the cupboard não é esqueleto no armário, mas segredo de família que se quer esconder.
E para finalizar, existem vocábulos que, por terem sido erroneamente interpretados em português, há tanto tempo, parecem corretos. São os casos de speaker, que não é locutor (radio announcer). Smoking não é paletó a rigor (tuxedo). E to like quer dizer gostar. Já to dislike não é desgostar, mas sim ter aversão, antipatia por alguém.
Esperando poder ser útil aos que se dedicam ao estudo do inglês, lembro-lhes que convém nunca esquecer o velho aforismo: traduttori, traditori."
quarta-feira, 12 de maio de 2010
O sentido literal e o "tosk-english", por Carlos fongaro
Passemos, então, a palavra ao professor.
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Abaixo, listo expressões do dia-a-dia de falantes que tentam, a duras penas, comunicar-se “de maneira tosca” (tosk-english). Imaginem o efeito de humor decorrente da “comunicação” entre um falante de português e um de inglês em situações nas quais essas expressões são empregadas!!!
"Em rio que tem piranha jacaré nada de costas"
In river that has piranha aligator swims backstroke
Uma versão mais estúpida seria:
In river that has piranha aligator swims of backs
Para se lamentar, alguns dizem "A vaca foi pro brejo":
The cow went to the swamp (Dê-se crédito a Millôr Fernandes, essa é dele)
"Ele é um pé de cana"
He is a sugar cane plant
"O rei da cocada preta"
The king of the black coconut sweet
"Escreveu não leu , pau comeu"
Wrote didn't read , wood ate
"Você é meu docinho de coco"
You are my littlel coconut sweet
"Ele é um baita de um mala"
He's a whore of a bag (suitcase)
"Aquela mina é um pé no saco"
That mine is a foot in the bag
"Tu tá em cana!"
You are in sugar cane!
Há também as conhecidas versões brasileiras (Herbert Richers) das expressões “idiomáticas” estrangeiras:
"It's a piece of cake" (É fácil demais...!)
É um pedaço de bolo
"It's hard cheese" (O oposto da anterior)
É queijo duro
"Hit the road!" (Sugere: “Vá embora”, de forma bem ríspida)
Bata a estrada
"Cool" (Significa “legal, maneiro, bom”)
Frio
Fiz uma observação língua na bochecha
"You are pulling my leg" ( Sugere “Você está me enrolando , quer me fazer de bobo”)
Você está puxando a minha perna
"The old man kicked the bucket" (Sugere “O velho morreu”)
O velho chutou o cesto (Observem que “chutar o balde”, em português, é bem diferente disso!)
James é um lençol molhado
Bem, essas expressões podem não ser as mais adequadas mas, ao menos, são divertidas!
..................
E então, pessoal? Gostaram da brincadeira? É assim que vamos aprendendo...! Bj e um excelente dia, profª Rosângela Vargas!
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Descrição da Guerra de Guernica
I
Entra pela janela
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios
que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore,
a chama do candeeiro.
II
As outras duas luzes
são lisas, ofuscantes;
lembram a cal, o zinco branco
nas pedreiras;
ou nos umbrais
de cantaria aparelhada; bruscamente;
a arder; há o mesmo
branco na lâmpada do tecto;
o mesmo zinco
nas máquinas que voam
fabricando o incêndio; e assim,
por toda a parte,
a mesma cal mecânica
vibra os seus cutelos.
III
Ao alto; à esquerda;
onde aparece
a linha da garganta,
a curva distendida como
o gráfico dum grito;
o som é impossível; impede-o pelo menos
o animal fumegante;
com o peso das patas, com os longos
músculos negros, sem esquecer
o sal silencioso
no outro coração:
por cima dele, inútil; a mão desta
mulher de joelhos
entre as pernas do touro.
IV
Em baixo, contra o chão
de tijolo queimado,
os fragmentos duma estátua;
ou o construtor da casa
já sem fio de prumo,
barro, sestas pobres? quem
tentou salvar o dia,
o seu resíduo
de gente e poucos bens? opor
à química da guerra,
aos reagentes dissolvendo
a construção, as traves,
este gládio,
esta palavra arcaica?
V
Mesa, madeira posta
próximo dos homens pelo corte
da plaina,
a lixa ríspida,
a cera sobre o betume, os nós,
e dedos tacteando
as últimas rugosidades;
morosamente; com o amor
do carpinteiro ao objecto
que nasceu
para viver na casa;
no sítio destinado há muito;
como se fosse, quase,
uma criança da família.
VI
O pássaro; a sua anatomia
rápida; forma cheia de pressa
que se condensa
apenas o bastante
para ser visível no céu,
sem o ferir;
modelo doutros voos: nuvens;
e vento leve, folhas,
agora, atónito, abre as asas
no deserto da mesa;
tenta gritar às falsas aves
que a morte é diferente:
cruzar o céu com a suavidade
dum rumor e sumir-se.
VII
Cavalo, reprodutor
de luz nos prados, quando
respira, os brônquios;
dois frémitos de soro; exalam
essa névoa
que o primeiro sol transforma
numa crina trémula
sobre pastos e éguas; mas aqui
marcou-o o ferro
dos lavradores que o anjo ignora;
e endureceu-o de tal modo
que se entrega;
como as bestas bíblicas;
ao tétano, ao furor.
VIII
Outra mulher: o susto
a entrar no pesadelo;
oprime-a o ar, e cada passo
é apenas peso: seios
donde os mamilos pendem,
gotas duras
de leite e medo; quase pedras;
memória tropeçando
em árvores, parentes,
num descampado vagaroso;
e amor também:
espécie de peso que produz
por dentro da mulher
os mesmos passos densos.
IX
Casas desidratadas
no alto forno; e olhando-as,
momentos antes de ruírem,
o anjo desolado
pensa: entre detritos
sem nenhum cerne ou água,
como anunciar
outra vez o milagre das salas;
dos quartos; crescendo cisco
a cisco, filho a filho?
as máquinas estranhas,
os motores com sede, nem sequer
beberam o espírito das minhas casas;
evaporaram-no apenas.
X
O incêndio desce;
do canto superior direito;
sobre os sótãos,
os degraus das escadas
a oscilar,
hélices, vibrações, percutem os alicerces;
e o fogo, veloz agora, fende-os, desmorona
toda a arquitectura,
as paredes áridas desabam
mas o seu desenho
sobrevive no ar; sustém-no
a terceira mulher; a última; com os braços
erguidos, com o suor da estrela
tatuada na testa.
(de Eugénio de Andrade)
(Carlos de Oliveira. In Entre Duas Memórias, 197: aqui)
Guernica (ENEM/2002)
Entra pela janela
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore
a chama do candeeiro.
(...)
Carlos de Oliveira. In ANDRADE, Eugénio. Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa. Porto: Campo das Letras, 1999.
Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifiquem as cenas referidas nos trechos do poema.
Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:
(A) a1, a2, a3
(B) f1, e1, d1
(C) e1, d1, c1
(D) c1, c2, c3
(E) e1, e2, e3
sábado, 8 de maio de 2010
Feliz Dia das Mães!!!!
Vejo o bebê que dorme aninhado no seio de sua mãe,
A mãe que dorme e o bebê _
Em silêncio eu os estudo por muito e
Muito tempo."
Versos extraídos de: Whitman, Walt. Folhas de Relva. São Paulo: Martin Claret, 2006.
“Dê a seu filho raízes. Mais tarde, asas.” Provérbio judaico.
Extraído de Frases Ilustradas, por Ceó Pontual (aqui)
A todas as mães desejamos um Feliz Dia das Mães! Às filhas e aos filhos, desejamos "asas"!!! Equipe Santa Mônica. Bj especial às mães!
sexta-feira, 7 de maio de 2010
"Tautologia" não é nome de remédio, não!!!! Rsrs!
É... Não é nome de remédio...! Rsrsr! No post seguinte trataremos do oposto da tautologia e pleonasmo, ou seja, a concisão. Aguardem! Bj e um excelente dia!
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Portuinglês?!, por Carlos Fongaro
“Um norte-americano, morando há pouquíssimo tempo no Brasil, e falando ‘o português’ faz a sua lista de compras e vai ao supermercado para tentar abastecer a sua despensa e geladeira. Tendo feito a lista, a seu modo, e com o carrinho à frente, vai lembrando-se do que precisa:
PAY SHE
MAC CAR ON
MY ONE EASY
PAUL ME TOO
ALL FACE
CAR NEED BOY ( MAIL KILO )
AS PAR GOES
KEY JOE ( PARM ZOOM)
COW VIEW FLOOR
PIER MEN TOM
BETTER HAB
LEE MOON
ALL ME ROOM
BEER IN GEL
THREE GO
PAY TO THE PIER YOU
Ao final, ainda dá um tapa na testa, dizendo:
IS KEY SEE O TOO MUCH...
PUT A KEEP ARE YOU!”
Tome-se o e-mail como base para se observar que, nele, o efeito de humor reside na não-coincidência do significado das palavras e dos sons produzidos ao se lerem as expressões em voz alta. Trata-se, com efeito, de uma brincadeira que pode nos ajudar a entender um pouco do funcionamento sobre a "assimilação" de uma língua estrangeira pelo aprendiz e sobre a maneira como este "transfere" seus conhecimentos linguísticos para a língua materna. Ou ainda, refletirmos, num rumo contrário, acerca da forma como se “transferem” as expressões e estruturas linguísticas da língua materna para uma língua estrangeira que se está aprendendo.
Todos os falantes, independente da nação a que pertencem, podem aprender a falar qualquer idioma sem, com isso, necessariamente absorver, por completo, a “bagagem” cultural própria desses idiomas. Em outros termos: podem aprender uma língua, um pouco da cultura do país onde se fala essa língua, mas manter a identidade cultural e linguística, com suas peculiaridades, do seu país de origem. Interferências há, porém, não a ponto de provocar um total “apagamento” da identidade cultural e linguística do falante. Haverá sempre vestígios de uma “língua-outra”.
No Brasil, nada é mais comum do que a proliferação de textos como o apresentado acima. Na verdade, o conteúdo do e-mail demonstra que podemos estar desejosos de aprender a língua, porém, não necessariamente interessados na sua adequada compreensão... Às vezes, queremos apenas poder “brincar” com ela e, se possível, satirizar os falantes nativos. Por óbvio, isso demandaria um debate bastante aprofundado e polêmico...!
Podemos, como afirmei, “brincar” com a língua, com os limites da sua literalidade... É como dizer, em francês, “chose de lóqui” ou “Dieu me garde!”, hehe!
Como professor de inglês, uma brincadeira que gosto de fazer com meus alunos é esta: com uma palavra apenas, feita a partir da montagem de sílabas de outras palavras, peço que leiam esta obra do Dr. Frankenstein em voz alta:
Ghoti
E digo-lhes: “Sinto muito, vocês erraram! A pronúncia deveria ser a de Fish!”
Explico:
Gh eu extraí da palavra Enough.
O extraí de women.
Já o Ti retirei de Attention.
Gostaram da brincadeira? Em outro post, listarei expressões utilizadas no dia a dia, com as quais muitas pessoas tentam, a duras penas, comunicar-se. Selecionarei estruturas linguísticas do que se convencionou denominar “Tosk English”. Até breve!!!!
Por Carlos Zisco Fongaro, prof. de inglês em São Paulo.
domingo, 2 de maio de 2010
Where do children play?, by Cat Stevens
Agradecemos à Lena Almeida a indicação do vídeo!
Um excelente final de semana!Bj!!!!